Dependência Tecnológica – por Dra. Isabella Gouveia

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O que você sente quando percebe que esqueceu seu celular em casa? Sente-se ansioso, como se estivesse faltando algo? Quanto tempo você consegue ficar sem checar suas mensagens, e-mails ou sua timeline no Facebook ou Instagram? Para algumas pessoas isso não é nenhum problema, mas tenho certeza de que para muitos, estar longe de seu smartphone ou sem acesso à internet pode gerar certo grau de ansiedade e desconforto. Afinal, já nos acostumamos a ter acesso a informações rápidas, a receber notícias em tempo real, a entrar em contato com pessoas ao redor do mundo com um simples clique, na palma de nossas mãos. Isso tudo pode ser muito bom, e facilita muito as nossas vidas, mas pode também trazer prejuízos quando não sabemos dosar.

Nunca houve tantas pessoas ansiosas como hoje. Estamos desaprendendo a esperar. Estamos desaprendendo a curtir um momento sem ter que tirar uma selfie. Estamos desaprendendo a dar valor no presente, pois estamos sempre antecipando a próxima notícia, o próximo post, o próximo tweet. Enquanto estamos tão conectados ao mundo virtual, estamos nos desconectando da vida real.

Todos nós, de certa forma, dependemos da tecnologia. Precisamos dela para trabalhar, para nos informar, para nos comunicar. Quando é, então, que essa dependência se torna patológica? Quando é necessário intervir?

Dentro da dependência tecnológica, podemos incluir a dependência de jogos eletrônicos, de internet, de redes sociais, e de tudo o que mantém a pessoa o tempo todo na frente de uma tela. E isso pode afetar crianças, adolescentes e adultos.

Quando falamos sobre o uso de substâncias, como álcool ou drogas, uma das primeiras coisas que precisamos saber para dizer se se trata de uma dependência ou não, é como a pessoa fica com a falta da substância. Com a dependência tecnológica, é a mesma coisa. Como a pessoa fica quando está sem o celular, ou o computador, ou o videogame? Sente -se ansiosa, irritada, inquieta? Chega a ter sintomas físicos, como tremores, alterações do apetite, insônia?

Um outro sinal de dependência é o quanto isso afeta a vida diária, e o quanto de tempo consome. Quando o uso do aparelho consome muito tempo, inclusive o tempo que deveria ser dedicado para as refeições, para o sono, para o tempo em família e com amigos, isso pode indicar uma dependência. A pessoa pode até deixar de sair de casa e desenvolver um isolamento social importante. O conteúdo do pensamento também gira em torno do objeto da dependência – por exemplo, se uma pessoa está dependente de um jogo, pensa quase o tempo todo apenas nesse jogo. Ocorre queda no rendimento escolar, no rendimento do trabalho, prejuízos na capacidade de concentração e atenção.

Pessoas que sofrem de algum transtorno psiquiátrico, como depressão ou transtorno de ansiedade social, possuem maior risco para desenvolverem uma dependência tecnológica, pois o mundo virtual pode tornar-se um refúgio em diversas situações. Por outro lado, o uso desenfreado piora os sintomas de depressão e de ansiedade, por gerar frustrações quando a realidade é comparada ao mundo ideal da internet.

Acostume-se a sair de vez em quando sem o celular, principalmente aos finais de semana. Escolha um dia da semana para ficar off-line. Reserve um momento do dia para checar e-mails e redes sociais. Os pais devem postergar ao máximo o momento de dar um celular aos seus filhos. Vejo crianças cada vez mais novas com celular próprio. Celular não é brinquedo e não há necessidade de crianças – nem adolescentes – possuírem um smartphone. Não coloquem videogame ou computador no quarto dos filhos, pois isso dificulta a supervisão. Dividir a TV e o computador com o resto da família ajuda a limitar o tempo e garante uma melhor convivência familiar.

O tratamento para a dependência é baseado em psicoterapia, e quando necessário, no uso de medicação. Procure sempre ajuda profissional.

Isabella Gouveia é médica psiquiatra (CRM-PR 21583) e atende na Otocentro (Willie Davids 390, sala 25)

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