As podas de árvores em Rolândia sempre causam polêmica. O membro do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema), Daniel Steidle, considera essa uma prática “assassina”. “Na verdade nem se pode mais falar em poda, isso é mutilação e caracteriza um crime ambiental, pois vai matar aos poucos a árvore”, justificou. Existem técnicas de poda que preservam pelo menos um terço das folhas. É a prática recomendada pelo Dr. Paulo Ernani Ramalho Carvalho, autor da série Espécies Arbóreas Brasileiras. “A isso se soma a época certa de poda, que varia para cada espécie. É uma ciência!”, ensina Carvalho.
Paulo Lovato, engenheiro agrônomo da secretaria de Meio Ambiente, explicou que, no entanto, a poda mais radical muitas vezes precisa ser realizada para tentar reverter o crescimento desenfreado das árvores sem podas de formação ao longo dos anos. A prática mais comum para essas árvores é a poda na diagonal. “A recomendação que fazemos para a nossa terceirizada é que faça o corte em forma de bisel para evitar o acúmulo de água e seu decorrente apodrecimento”, explicou o agrônomo. “Nas árvores que estão sendo plantadas agora, já temos cuidado, mas não vejo alternativa técnica para as outras”, afirmou.
Steidle lembrou que as atas das reuniões comprovam que já foi sugerida a realização de cursos gratuitos de poda para a prefeitura, oferecidos pela Embrapa e Senar. “Mas, mudanças constantes de secretários e uma população muitas vezes inimiga de um planejamento de arborização ultrapassado entra em conflito com a atualidade”, afirmou.
O professor de Agronomia da UEL, PhD em Harvard e autor do livro “Ecologia da restauração”, Efraim Rodrigues, acredita que “não se pode exigir que o cidadão entenda de podas, silvicultura urbana etc. Mas a municipalidade teria que saber que não se tira toda a copa de uma árvore. Fazer isto é como amputar a perna de uma criança que ralou o joelho”. Ele deu a sugestão do que fazer nesses casos. “Há dendrocirurgias que podem recuperar ramos parcialmente apodrecidos, podas parciais, mas não cortar a perna do menino”, recomendou.
O Meio Ambiente recebe inúmeros pedidos de cortes e podas, realizados pela empresa terceirizada, sujeito à autorização. Se o cidadão cortar por conta própria, pode ser multado. Lovato assegurou que a secretaria se preocupa com a arborização da cidade e a qualidade de vida que ela traz. “O plano municipal de arborização está sendo seguido à risca”, concluiu. A secretaria alerta que o pedido protocolado não dá direito à poda ou a um corte de árvore – é necessária a autorização do Meio Ambiente, que é uma das respostas ao pedido.