Anorexia nervosa – por Dra. Isabella Gouveia

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    A preocupação com o peso é algo muito comum nas mulheres, e tem surgido em idades cada vez mais precoces. Meninas jovens são bombardeadas com imagens de modelos e celebridades esguias e isso tem aumentado com a facilidade de acesso à informação, através da internet e redes sociais. Muitas colocam sobre si a pressão de se tornarem iguais e criam a ilusão de que magreza é sinônimo de felicidade e sucesso. Tudo isso pode desencadear, em quem já tem alguma predisposição, o surgimento de transtornos alimentares.

    A anorexia nervosa é um transtorno alimentar grave e de difícil tratamento. Caracteriza- por um quadro em que ocorre perda acentuada de peso, restrição alimentar importante, distorção da imagem corporal e medo intenso de ganhar peso. Estima-se que setenta porcento das pacientes são mulheres, e geralmente o início se dá na adolescência. Hoje em dia, encontramos até mesmo crianças desenvolvendo esse quadro. 
    
    A pessoa acometida passa a se enxergar gorda, mesmo tendo um peso baixo. Começa então a desenvolver um padrão restritivo e seletivo para se alimentar. Pode querer tentar esconder isso dos outros, espalhando a comida no prato, escondendo alimentos para dizer que comeu ou mastigando muito lentamente. Possui uma certa obsessão por comida, conta calorias e sabe os valores nutricionais dos alimentos. Contudo, a ideia que esses pacientes tem de uma alimentação saudável é distorcida, já que comem muito menos do que o necessário. 

    Alguns pacientes podem apresentar sentimento de culpa intenso por comer a mais do que havia planejado, mesmo que esse a mais seja apenas uma folha de alface. Podem ter comportamentos compensatórios, como longos períodos de jejum, vômitos provocados, uso de laxante ou diuréticos, ou excesso de exercício físico. Uma das coisas que mais dificulta o tratamento é o fato da negação da doença. 

    Esses pacientes não costumam aceitar com facilidade que estão doentes, acreditam que estão acima do peso, mesmo estando muito abaixo. É o que chamamos de distorção da imagem corporal. Infelizmente a prática é até incentivada em grupos de pacientes em redes sociais, sendo defendida como um “estilo de vida”. Dependendo do padrão de restrição alimentar e de perda de peso, o quadro pode se tornar muito grave, com várias complicações físicas. Muitas dessas pacientes não menstruam, apresentam graves deficiências nutricionais, podem desenvolver problemas gastrintestinais, cardiovasculares, renais, osteoporose. Além disso, o quadro quase sempre vem acompanhado de sintomas depressivos graves, baixa auto-estima, perfeccionismo e grade auto-exigência.

    O tratamento deve ser multidisciplinar, com médico psiquiatra, médico clínico, psicólogo, nutricionista. O apoio da família é fundamental para o sucesso do tratamento. É preciso recuperar a confiança e a auto-estima desses pacientes, e eles necessitam sentir-se amados e queridos da maneira que são.  Os pais precisam entender que os filhos estão doentes, que o risco de recaídas é alto e que o processo de melhora é longo, e também de que há risco de morte caso a doença não seja tratada a tempo e corretamente. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e realizado o tratamento, maiores são as chances de sucesso.
Isabella Gouveia é médica psiquiatra (CRM-PR 21583) e atende na Essence (Willie Davids 390, sala 25)

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