Na coluna saúde do mês anterior falamos sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em crianças. O que muitos desconhecem é que o TDAH pode também persistir na vida adulta.
O TDAH é um distúrbio neurobiológico que afeta a capacidade de concentração, de manter a atenção e de controle de impulsos, pois ocorre uma alteração na área frontal do cérebro que é responsável pelo controle da atenção e pela inibição do comportamento. No adulto, isso causa diversos sintomas e traz prejuízos que podem ser confundidos com outros problemas psiquiátricos ou até com preguiça e desleixo.
Pessoas que sofrem de TDAH costumam ter dificuldades para se organizar, são mais distraídas, inquietas, cometem erros por falta de atenção com coisas simples. Começam várias atividades, cursos, empregos, mas têm dificuldade em concluí-los, desistem com maior facilidade. Isso resulta em maior instabilidade profissional e dificuldade em planejar e executar tarefas. Há uma tendência à procrastinação, visto que há muita dificuldade em manter o foco, principalmente em tarefas que são pouco estimulantes. Pode-se imaginar que pessoas com TDAH têm maiores dificuldades com relacionamentos. De fato, há um maior índice de divórcios e de relacionamentos instáveis.
O TDAH não está ligado a fatores culturais ou conflitos psicológicos. Porém pessoas com TDAH podem apresentar quadros de ansiedade, baixa autoestima e depressão associadas. O que ajuda e muito a vida de uma pessoa com TDAH é o diagnóstico precoce, correto e o tratamento adequado, trazendo uma melhora significativa nas relações interpessoais e no funcionamento da vida diária.
Isabella Gouveia é médica psiquiatra (CRM-PR 21583) e atende na Essence (Willie Davids 390, sala 25)
