Os moradores em situação de rua em Rolândia devem ter em breve um sistema de acolhimento por parte do Poder Público. Como explicou a secretária de Assistência Social, Sandra Martins, um chamamento público foi preparado para que uma entidade faça a abordagem e abrigue essas pessoas. “Esses abordadores irão até onde estão os moradores de rua, saber o nome, de onde vem, se tem interesse em ir para o acolhimento ou algum outro lugar”, detalhou.
O chamamento deve ser publicado em fevereiro. Entre os requisitos, a instituição deve ser rolandense e oferecer comida, pouso e banho e atendê-lo em parceria com o Centro de Referência Especializada em Assistência Social (CREAS). “Esse é um trabalho do governo do Estado, repassado aos municípios, então temos os recursos para acolhimento após a abordagem deles na rua”, esclareceu Sandra.
O número não-oficial de moradores de rua em Rolândia atualmente varia de 15 a 20 pessoas, porque a maioria perambula por várias cidades. “Alguns vêm de outros municípios, ficam dois ou três dias em Rolândia e já vão para outros”, contou a secretária. Os moradores de rua do cálculo oficial da Assistência, que recebem acompanhamento do CREAS, são entre quatro e cinco. Quando o morador em situação de rua tem interesse, a equipe aciona a família para que o receba de volta.
Alguns usuários de drogas – que não se enquadram como pessoas em situação de rua – acabam se misturando aos moradores de rua na rodoviária. Como Sandra explicou, isso dá a impressão de que existem mais pessoas na rua do que realmente são. Nestes casos, a secretária ressalta que cabe uma parceria com o setor de segurança e o 15º Batalhão de Polícia Militar.
Dê comida e não dinheiro
Como qualquer cidadão, os moradores de rua têm direito de ir e vir, mas acabam incomodando a população pedindo dinheiro. Os rolandenses têm o costume de dar esmola, mas Sandra orienta que isso não seja mais feito, pois surte o efeito contrário, contribuindo para que a pessoa permaneça nas ruas. “Não dê esmola. Se a pessoa pedir dinheiro para comer, dê a comida na hora, mas não dê dinheiro, porque isso faz com que ele vá atrás de drogas ou bebidas”, recomendou. “Cerca de 90% deles são usuários de drogas ou bebidas alcoólicas”, acrescentou a secretária.
Se a pessoa negar a esmola e o morador começar a incomodar e insistir usando violência, a polícia pode ser acionada. “Se ele pedir, você não deu e ele ficar quieto, não pratica agressões, não é caso de polícia, mas a partir do momento que ele parte para agressão, você pode chamar a PM”, esclareceu.
Sandra assegurou que secretaria está ciente e acompanhando os moradores de rua na cidade. “Nós sabemos quem são esses moradores, onde eles estão e que eles realmente incomodam as pessoas”, afirmou. Enquanto os trâmites do chamamento forem realizados, a secretária pede que a população tenha paciência e que evite dar esmolas para que os moradores de outras cidades voltem embora e os de Rolândia possam posteriormente ser acolhidos.
Esclarecendo boatos
Circula também pelas redes sociais que há um deficiente mental nas ruas de Rolândia há alguns meses. Sandra explicou que a informação é equivocada. Trata-se de um paciente de Foz do Iguaçu, que veio para ser internado na Casa de Saúde de Rolândia, mas fugiu da ambulância. “Já descobrimos que a família dele é de Foz, telefonamos para eles e faz mais de três semanas que eles disseram que viriam buscá-lo e não vieram”, contou.
Diante da situação, a Assistência Social acionou o Ministério Público para que autue a família para buscá-lo. “Nós não temos autonomia de chegar, prender ou colocá-lo na Casa de Saúde”, justificou Sandra. “Essa negligência da família tem que ser discutida junto ao Fórum”, concluiu Sandra Martins.