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“Marcelo é… Meu filho é… Não digo que ele era”

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   “O Marcelo era um menino espontâneo, vivia rindo, não era de balada, era muito caseiro e raramente saía. O negócio dele era assistir filme com pipoca, ir em lanchonetes. Era super honesto e só trabalhou em um lugar, desde os 16 até o dia em que faleceu, com 21 anos. Era dedicado, esforçado e, pela pouca idade, era muito maduro. Ele já tinha conquistado o carro e financiado uma casa própria. Era um menino que valia ouro. Não tive mais filhos e logo quando engravidei dele já dizia que seria meu único.

   As datas mais difíceis são a cada mês que lembramos, sempre nos dias 25. No aniversário dele que era 25 de setembro – ele iria fazer 25 anos em 2019. Por incrível que pareça, o acontecido foi também num dia 25 (em maio de 2016), quando eu o perdi. No dia das Mães também é difícil e nos finais de ano, quando pensamos o que queremos para o novo ano que vai se iniciar.

   A melhor lembrança foi quando ele conquistou o carro dele. Todo adolescente de 18 anos tira a carteira e fica louco para comprar o carro. Ele era bastante independente, começou a trabalhar cedo e ver ele se desenvolvendo e crescendo foi muito bom. No primeiro ano que ele começou a trabalhar, com 16 anos, ele me comprou uma orquídea, linda, bem alta. Ele disse que teve o maior trabalho para trazer e deixar na mesa para eu chegar e me deparar com ela. Foi uma surpresa bem gostosa.

   O crime foi resolvido dez meses depois. Já foi o julgamento dos três homens. Um deles, o motorista, ficou sete meses preso e já está na rua por falta de provas, segundo a polícia. O que atirou pegou 26 anos e o que acompanhou o crime e entrou na casa também pegou 22 anos.

   Eu não quero o mal de ninguém, mas eles estando preso, dá segurança aos outros. Sabemos que quem comete uma vez, pode cometer de novo. Não são só eles, têm muitos ainda aqui fora, mas são dois a menos. Não que eu fique contente com eles presos, mas gostaria que eles ficassem lá o resto da vida. Aquela bala que ele acertou na cabeça do meu filho, não atingiu só ele, atingiu minha família inteira e vários amigos. Um dos criminosos era irmão de um amigo que trabalhava com o Marcelo. Temos contato até hoje, ele não tem culpa (o amigo do Marcelo). Eu já o conhecia e tenho certeza que ele não participou. Nós conversamos ainda e ele me dá muita força.

   Hoje, eu encaro que o Marcelo veio para ensinar para a minha família o significado do amor. Nossa família sempre foi unida, mas quando perdemos ele, começamos a enxergar que, apesar da correria, não podemos deixar e esquecer o que está do nosso lado. Deus me deu um filho tão maravilhoso, porque ele sabia que seria por um tempo determinado. Foi um presente muito bom.

   Quando as pessoas falam dele pra mim, eu falo ‘meu filho é’, não ‘meu filho foi’, porque mesmo ele não estando presente, estará no meu coração pelo resto da vida.”


Luciana dos Santos Moreira tem 44 anos


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