A artesã Cleusa Horácio (61) nasceu em Rolândia, é casada com o Vastiler Horacio (71) e tem duas filhas, Ione Horácio (36) e Laís Horácio (29). A artista é a responsável pela criação de muitas obras de arte feitas com argila, algumas em cerâmica, e também faz obras com jornal e madeira. Ela assina as peças como – Liberatti. “Este é o sobrenome que perdi quando me casei, mas eu o utilizo na assinatura das minhas peças”. Ela conta que, desde de criança, adorava brincar com barro e construir panelinhas. “Desde aquela idade eu já sentia muito prazer em mexer com isso e não imaginava que um dia seria a minha profissão”, revelou.
Cleusa explica que a arte em geral sempre foi algo que chamou a atenção dela, e antes do barro ela também gostava de fazer esculturas de jornal. “No ano de 1980, aos 23 anos, me mudei para São Paulo com meu esposo e lá foi onde as minhas duas filhas nasceram. Nessa época eu ainda não mexia com as obras em barro, mas já admirava toda e qualquer escultura que eu encontrasse pela frente, é algo que sempre me encantou muito”, afirmou Cleusa.
São Francisco: O início
Após morar em São Paulo, Cleusa se mudou para a cidade de Uberaba em Minas Gerais no ano 2000. Foi nesta mudança que o trabalho dela de fato começou, e foi quando a artesã teve com o contato com a arte barroca e cerâmica e colocou a mão no barro pela primeira vez.
“Nesta cidade, tive a oportunidade de fazer um curso de sucata. O curso ensinava as pessoas a utilizarem materiais de sucata, que provavelmente iriam para o lixo, a se transformarem em obras de arte”, explica.
Cleusa afirma que o curso foi muito interessante e que ela aprendeu muitas técnicas importantes, mas, mesmo assim, sentia que que faltava algo e queria mais. “Foi quando eu pedi para o artista plástico que ministrava o curso me ensinar como utilizar o barro. De início ele foi resistente e disse que não poderia me ajudar, mas depois de um tempo, ele pediu que eu levasse o barro para a aula que ele me auxiliaria com algumas informações”, relembrou.
E foi nesta breve explicação do artista que Cleusa desenvolveu a sua primeira peça. “No início da explicação minha intenção era fazer uma escultura de uma mulher. Mas conforme eu ia manuseando o barro, ele parecia cada vez menos com uma mulher, chegou à forma de um homem e foi finalizado com São Francisco. Aquele momento, e aquela obra foi marcante para mim”, revelou.
Este foi o pontapé inicial para a Cleusa ter certeza que a arte era algo que ela deveria investir e aperfeiçoar. Durante o período em que morou na cidade de Uberaba, ela aprimorou as técnicas, começou a vender as peças e também a dar aulas em instituições bem especiais. “Dei aula no Instituto dos Cegos e também no Hospital do Câncer. Foi uma experiência muito enriquecedora para mim e que mudou o meu modo de ver a vida”, afirmou a artesã.
De volta a Rolândia
Ao retornar para Rolândia em 2004, a artista ficou com receio de não conseguir dar prosseguimento no trabalho que vinha desenvolvendo. “Aqui foi complicado para encontrar a argila parecida com a que utilizava e também tive muita dificuldade em achar alguém que contribuísse comigo no processo de queima das peças. Mas depois de um tempo, tudo se ajustou”, contou.
Ao contrário do que a artesã imaginava, em menos de um ano ela já estava vendendo várias encomendas, muitas delas vindo de fora. “Já fiz encomendas para Brasília, Campinas, Santa Catarina, São Paulo e tem obras minhas em um santuário na cidade de Bandeirantes”. Em meio às encomendas, ela também começou a dar aulas para as crianças que participavam do projeto da SOAME. “Depois da SOAME, também fui contratada para trabalhar em um projeto social que hoje leva o nome de CRIAR, mas que na época possuía um nome diferente. Depois de quatro anos lá, eu fui enviada para o Centro de Convivência dos Idosos (CCI), onde ministrei muitas aulas interessantes”, explicou.
O último lugar em que Cleusa compartilhou seu conhecimento foi na Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de Rolândia (APMI). Além de aulas com a argila, também ensinava outros artesanato e patchwork. “Em todo lugar que passei sempre dei o melhor de mim e ensinei as pessoas com muito carinho”, afirmou.
Exposições
As obras de arte de Cleusa já estiveram em inúmeras exposições no Museu Municipal de Rolândia, onde atualmente também comporta algumas peças dela. Em meados de 2006 a artista ganhou um prêmio do 3º Salão Nacional de Cerâmica, por conta de uma obra exposta em uma antiga empresa de Rolândia, que fez uma ação durante especial do Dia dos Trabalhadores. A obra “Lavoura Perdida – Cansado da Colheita” representava um trabalhador rural que demonstrava cansaço pelo trabalho pesado no campo.
Em especial, Cleusa também lembrou da exposição: “Mãe – Arte em Barro” que contava com mais de dez peças feitas especialmente para a exposição. “Eu gosto muito de representar o feminino mulher, mãe, grávida, Nossa Senhora. Esta exposição foi muito marcante para mim”, contou. Cleusa citou que para esta e muitas outras exposições ela sempre contou com o apoio da coordenadora do Museu de Rolândia, Nilce Jacinto Martins.
Aulas particulares
Atualmente, Cleusa fornece aulas particulares em sua residência e também aceita encomendas. “Tenho alunos de várias idades e de ambos gêneros. De crianças até idosos. Aprender como montar uma arte em barro, não tem idade e ainda tem benefícios terapêuticos” afirmou. Para quem tem interesse em fazer uma aula com a Cleusa, encomendar alguma peça ou até mesmo conhecer mais sobre o trabalha dela, os telefones para contato são: (43) 3256-6359 ou (43) 9.9829-7823. “A arte em barro é minha paixão, amo o que eu faço e adoro compartilhar o que sei com as pessoas”, confessou.