Rolândia contabilizava quase 1,6 mil casos confirmados de dengue até a quarta (20), segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde. O Jornal de Rolândia conversou com uma moradora que sofreu por vários dias após ter sido diagnosticada com a doença.
Maria de Lourdes Albara, 60 (foto), moradora do Alto da Boa Vista, passou por momentos difíceis. Os primeiros sintomas sentidos foram febre alta e dores nas articulações musculares. “Fiquei por dois dias com estas dores, com febre e um pouco inchada. No terceiro dia, apareceram manchas vermelhas pelo meu corpo, e o inchaço aumentou ainda mais e também tive muitas dores nas costas. Até este momento eu ainda não havia procurado a UBS, pois estava com medo do contágio do coronavírus”, relatou Maria de Lourdes.
As dores nas costas ficaram mais fortes e ela começou a ter sintomas de desmaio. “Comecei a ter fadiga e fraqueza, e eu já não conseguia levantar da cama. Foi neste momento que eu fui direto para o Hospital São Rafael e fiquei internada”, explicou.
Ao chegar na instituição ela já foi levada para o soro e teve o sangue colhido para fazer os exames. Retornou ao hospital por um período consecutivo de três dias, fazendo a hidratação e tomando o soro, até suas plaquetas normalizarem. “Após uma semana deste processo eu já não precisava mais ir ao hospital, mas continuei com o uso do soro oral em casa, e ainda tinha muita fraqueza. Eu fui me recuperar por completo após 20 dias”, afirmou. Além dela, o esposo Algenor Albara (60) e filha Ana Albara (30), também pegaram a doença, mas com sintomas mais fracos.
Maria de Lourdes contou que o quintal da casa dela é limpo e totalmente livre de qualquer foco que permitisse a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Mas em contrapartida, ela observou a presença de muito lixo em alguns terrenos vazios próximos à casa dela. “Além de ligar para a Vigilância Sanitária e fazer a denúncia do lixo, meu esposo foi até estes terrenos e passou veneno”, afirmou.
A moradora também pontuou o quão grave é a situação da dengue: “No quinto dia eu pensei que iria morrer, pois eu perdi os sentidos”. Agora tem ainda mais medo de pegar a doença pela segunda vez, e correr o risco contrair uma dengue hemorrágica.
Lourdes acredita que haja muito mais casos de dengue na cidade do que as pessoas imaginam. Além dos moradores não se prevenirem contra a doença, há também um certo preconceito existente. “Eu cheguei a ouvir de uma pessoa conhecida que ela não contou que estava com dengue, pois para ela esta é uma doença de periferia e não algo que as pessoas pudessem contrair morando no centro”, comentou.
Ao contrário disso, é importante ressaltar que a dengue está presente em todos os lugares. A dengue é uma doença única, dinâmica e sistêmica. Isso significa que a doença tem cura, mas os sintomas podem se agravar. Ainda não existem medicamentos contra dengue, o que temos hoje são somente remédios para aliviar os sintomas.
Portanto, a melhor forma de acabar com o mosquito é eliminar o os possíveis criadouros, jogar o lixo nos locais corretos, não deixar água parada no quintal.
Também é válido refletir sobre o quanto a dengue é grave, pode matar, e que não escolhe as vítimas pela sua posição financeira ou classe social.