A pandemia tem forçado vários programas a se reinventarem, mas nada foi tão radical quanto o que fez o Masterchef.
De cara a gente tem que lembrar que a fórmula do programa já estava bem desgastada. Ao logo dos anos a repetição foi ficando escancarada na nossa cara e uma reformulaçãozinha seria realmente bem vinda.
Sinceramente, eu achava mesmo que nem era a fórmula que era tão velha, é que a produção e a edição seguia sempre o mesmo roteirinho batido: “não vai dar tempo”, “esqueci de pegar amêndoa do peru do Pará” “cortei a mão”… suspense, Ana Paula falando alguma coisa nada a ver e…tudo dá certo – ou quase. Uma edição mais dinâmica e sem esse suspense clichê de novela mexicana do SBT já ajudaria bem a dar uma renovada.
A opção foi por mudar tudo, agora em vez de dezesseis participantes concorrendo durante meses para um campeão, cada programa tem oito cozinheiros diferentes e no final tem um “vencedor” – com aspas mesmo – do Masterchef do dia!!??!
O problema é que como tudo começa e acaba no mesmo programa, boa parte daquilo que fazia do Masterchef um sucesso se perdeu: As torcidas nas redes sociais, o apego a determinados personagens – e o ranço a outros – e acompanhar a evolução – ou não – dos caras ao longo dos programas.
É inegável o carisma que os três jurados tem. As broncas estão lá, as frases de feito do Fogaça, a ignorância do Jacquin e a sinceridade da Paola. Mas só isso não segura um programa que sempre foi feito pela identificação com os cozinheiros.
Além do que, outro ponto importantíssimo é que, pelo menos até agora, o nome “ Masterchef Amadores” foi elevado ao máximo. Os caras são muito ruins e não sabem o básico – tinha um maluco que não sabia fazer galinhada, é Masterchef, pô – e aí acaba que ganha o menos pior do dia, com comidas que a gente poderia fazer bem melhor em casa.
Enfim, foi uma tentativa válida, e em até certo ponto necessária, mas que na próxima tenhamos o repetidão que estávamos acostumados.
Samuel M. Bertoco é formado em Marketing e Publicidade