O Ministério Público de Rolândia entrou, na tarde da terça-feira (18), com um recurso para que a Justiça reavalie a decisão de não se pronunciar para que Terezinha de Jesus Guinaia vá a júri popular. Terezinha é avó de Eduarda Shigematsu, 11 anos, encontrada morta e enterrada na garagem de uma casa que pertencia a seu pai, Ricardo Seidi, em abril de 2019. O pai, que confessou ter ocultado o corpo da menina, mas nega tê-la matado, foi pronunciado pelo juiz Alberto José Ludovico, na semana retrasada, para ir a júri popular. O MP de Rolândia quer o mesmo Tribunal do Júri para Terezinha Guinaia e por isso o recurso.
Ludovico retirou a responsabilidade Terezinha de Jesus Guinaia no assassinato da neta, por isso não houve seu pronunciamento em relação a júri. Terezinha havia sido denunciada por envolvimento no caso pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), mas o juiz da Vara Criminal de Rolândia entendeu que não há provas que a incriminem no processo, e por isso não a pronunciou. Mauro Valdevino, advogado de defesa da avó de Eduarda, antecipou essa possibilidade na entrevista que deu ao JR na semana passada. “Quando a acusação entrar com uma ação, vou sustentar que não existem elementos suficientes para ela ser julgada”, afirmou Valdevino.
O promotor Vitor Hugo Nicastro Honesko, autor do recurso, analisa que Ricardo e Terezinha tentavam desviar o foco das investigações para se livrarem das suspeitas enquanto passavam informações aos policiais e conselheiros tutelares. Isso durante o período em que Eduarda estava desaparecida. Segundo o promotor “os detalhes eram desconexos e confusos, evidenciando-se a intenção deles”. O MP acredita que Terezinha sabia que seu filho teria matado Eduarda. A ação do MP também aponta que a avó tinha conhecimento dos fatos por algo que aconteceu no sepultamento da menina: Terezinha teria pedido que Eduarda perdoasse o pai porque ele seria doente.
Terezinha de Jesus Guinaia chegou a ficar presa durante o processo, mas foi solta por um habeas corpus dado pelo Tribunal de Justiça do Paraná. Ricardo Seidi continua preso preventivamente na Penitenciária Estadual de Londrina desde o dia em que o cadáver de Eduarda foi encontrado, em 28 de abril de 2019. Ainda não há data para seu julgamento e ele irá responder por feminicídio, falsidade ideológica e ocultação de cadáver.
O promotor Vitor Hugo Nicastro Honesko quer que Terezinha responda no Tribunal do Júri pelos crimes de ocultação de cadáver e falsidade ideológica. O recurso foi enviado ao juiz criminal Alberto José Ludovico, que irá decidir se acata ou não a ação.
O caso – Eduarda Shigematsu desapareceu na tarde do dia 24 de abril (2019) e foi encontrada morta no dia 28. Ela tinha sinais de tortura e estava enterrada na garagem de uma casa que estava para alugar na rua Manoel Carreira Bernardino – esse imóvel pertence a seu pai, Ricardo Seidi. Vídeos de uma clínica que fica perto da residência mostram Ricardo chegando de carro na tarde do dia 24 e entrando na garagem. Ele só sairia horas depois da casa. À Polícia, o pai admitiu que enterrou a menina, mas sempre negou que a tivesse matado.