Alguém já disse que existe um lugar especial no inferno para aqueles que desviam dinheiro que seria aplicado na educação e na merenda escolar para seus próprios bolsos. Já adicionei a essa edícula do eterno martírio também a seleta categoria dos comerciantes que sobem o preço de suprimentos após catástrofes naturais. Agora, gostaria de incluir mais uma: a dos golpistas da pandemia.
O padre Joel Medeiros, pároco da Igreja Matriz São José, como se já não estivesse suficientemente ocupado com o atendimento àqueles que o procuram em busca de alento para enfrentar a doença, teve que emitir enunciados alertando que existem pessoas se passando por representantes da igreja batendo de casa em casa sob a falsa alegação de uma pesquisa de contagem de católicos. É golpe. Não vá ao portão atender e jamais permita a entrada.
Aliás, a pandemia é um prato cheio para golpistas agora que somos obrigados a abrir mão do trato presencial. Por isso, sempre que chega algo por telefone ou internet, desconfie. A Polícia Civil de tempos em tempos edita cartilhas sobre o assunto. A última a que tive acesso, de Minas Gerais, traz alguns dos golpes aplicados sobretudo no período de pandemia. Com base no que vi na acontecer na prática, no batalhão em Rolândia, fiz um filtro e descrevo a seguir.
Golpe do Whatsapp clonado: o golpista liga para a pessoa que anunciou um produto em site de compra e venda (Olx, Mercado Livre) dizendo que é funcionário da empresa e pede um código para ativar o anúncio. É o código de verificação do Whatsapp. A pessoa passa o número, o golpista ativa o aplicativo em outro celular e assim tem acesso a todos os contatos, os quais utiliza para pedir dinheiro.
Golpe do falso boleto: quanto sobre você está disponível para qualquer um saber na internet? Com base nessas informações, golpistas montam boletos para pagamentos cujo dinheiro vai direto para a conta deles. Não são de locais aleatórios, mas de lojas e locais que você frequenta ou serviços que já possui.
Golpe do intermediador de vendas: o golpista diz ter interesse no veículo anunciado, pede para o vendedor retirá-lo da internet e publica um idêntico (copiado) a um valor bem mais baixo. Na sequência, diz à vítima que usará o item para saldar uma dívida com um amigo (segunda vítima) e que deve manter silêncio sobre o valor pago, prometendo uma compensação financeira. À segunda vítima, que viu o anúncio falso, também é prometido um desconto pelo silêncio na transação. As partes são orientadas a irem a um cartório para formalizarem a negociação. Uma ou diversas contas falsas são passadas à vítima que viu o anúncio falso, que deposita e jamais recupera o dinheiro.
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