É do folclore brasileiro a figura da(o) fofoqueiro(a). Toda rua tem aquela pessoa cuja ocupação é observar a vida dos outros e repassar informação, sem nenhum compromisso com a verdade. A diferença entre o fofoqueiro profissional e a enxurrada de fake news que temos visto é que, no caso do primeiro, a fonte é identificável e geralmente não tem uma intenção escusa por trás do converseiro, ou seja, fala pelos cotovelos porque não tem nada melhor pra fazer. Já no segundo, ninguém sabe a origem da informação e, sempre, tem alguém ganhando com a discórdia.
O assunto da semana passada nos deu um exemplo da confusão gerada por notícia que não é notícia. A julgar pelo que foi veiculado nas mídias sociais e algumas fontes “oficiais” sobre o projeto das escolas cívico-militares, teremos uma nova força policial formada por crianças treinadas à exaustão que, se preciso, prenderão os próprios genitores caso estes desrespeitem a lei. É um exagero? Sim. Mas a frase “escola não é lugar de soldado e batalhão não é lugar de professor” não lhe parece exagerada também?
A nova modalidade de ensino funcionará com gestão compartilhada entre militares e civis. As aulas continuarão sendo ministradas por professores da rede estadual, enquanto os militares serão responsáveis pela infraestrutura, patrimônio, finanças, segurança, disciplina e atividades cívico-militares. Haverá um diretor-geral e um diretor-auxiliar civis, além de um diretor cívico-militar e de dois a quatro monitores militares, conforme o tamanho da escola. A fonte dessa informação é a Agência Estadual de Notícias.
A respeito de mudanças na grade de ensino, o texto traz que haverá um aumento da carga horária curricular, com aulas extras de português, matemática e valores éticos e constitucionais (alguém seria contra isso?). A disciplina e o respeito com os professores também mudam e, a considerar os diversos casos de desrespeito e, inclusive, agressões contra educadores que temos visto, devem mudar mesmo.
Há de se considerar também os inúmeros benefícios sociais que uma área com supervisão policial constante trará para os bairros em que as escolas se situam. A presença de marginais nos arredores dessas escolas certamente irá se extinguir.
Não teremos o resultado da votação da comunidade escolar até o fechamento desta coluna (texto publicado na edição 799 que foi enviada para a gráfica na quinta-feira, às20h). Espero que seja favorável à implantação do modelo. Mas o mais importante é que pais e alunos se convençam pelo sim ou pelo não com base em informações, duvidando sempre de quem não cita fonte e mais gera dúvida do que esclarece.
Aspirante a Oficial
PM Fracaro