Após uma consulta pública feita à comunidade escolar na semana passada, os colégios estaduais Professor Francisco Villanueva e Presidente John Kennedy, de Rolândia, terão a implantação do modelo cívico-militar. Os dois estabelecimentos foram selecionados no município pela Secretaria de Estado da Educação e Esporte (Seed) para participar do programa de colégios cívico-militares, anunciado recentemente pelo governador Ratinho Junior.
O programa de colégios cívico-militares poderia ser implementado em 215 colégios estaduais de 117 municípios de todas as regiões do Paraná a partir de 2021, mas isso dependia de uma consulta à comunidade escolar de cada cidade. A mudança para o modelo cívico-militar foi aprovada em mais de 75% das escolas públicas do Paraná em que ocorreu a consulta pública, de acordo com a Seed. Do total de colégios selecionados, 163 escolas atingiram quórum de votação e aprovaram a medida.
Fazem parte da comunidade escolar professores, funcionários e pais de alunos matriculados nas instituições, além de estudantes maiores de 18 anos. Em Rolândia, as consultas públicas ocorreram nas escolas entre os dias 27 e 28 de outubro, das 8:00 às 20:00.
Villanueva
A diretora do Colégio Villanueva, Neuza Aparecida Petrin Schuster, conversou com o Jornal de Rolândia e informou que foram convidados a participar da consulta cerca de 1356 pessoas, mas o referendo recebeu apenas um total de 727 votos (mais de 53% do “eleitorado”). Deste total, 547 pessoas votaram a favor da nova implantação, ou seja, cerca de 75%, e 179 votaram contra a medida. “Agora, após este resultado, todos nós da direção estamos aguardando novas informações sobre a implantação do programa. Essas orientações virão do Núcleo de Educação, que é um órgão estadual que se encontra na cidade de Londrina”, informou a diretora.
O colégio possui aproximadamente 1260 alunos e a diretora disse que entende perfeitamente a preocupação de todos eles neste momento, bem como de toda a família dos estudantes. “Entendemos que neste muito há muitas dúvidas tanto dos alunos, quanto dos pais, mas nós também estamos na ansiedade para novas informações. Nossa orientação é pedir que os pais aguardem e quando soubermos de mais novidades, informaremos a todos”, afirmou Neuza.
Kennedy
A diretora do Colégio Kennedy, Maria Goreti Gomes, também falou com o JR sobre o resultado favorável na instituição que atingiu 51,6% da comunidade escolar. O percentual atingiu de mais de 50% das pessoas aptas a participarem da consulta, o que era uma regra nesta votação. Na instituição, 436 pessoas votaram a favor da nova implantação e 119 votaram contra a medida. Ou seja, 555 pessoas participaram da consulta.
“Eu senti que todos os pais que vieram aqui e votaram favoráveis estavam bem felizes e já estavam convencidos do voto a favor da medida. Já aqueles que votaram contra, percebi que estavam com medo e que muitos filhos que estão matriculados aqui não eram a favor da implantação e não queriam que os pais fossem favoráveis também. Por isso, na dúvida muitos votaram no não”, afirmou Goreti.
As duas diretoras afirmaram que a comunidade escola não teve um tempo hábil para pensar sobre o assunto e fazer a consulta entendendo de fato do que se tratava. “Se tivéssemos tido um tempo maior de divulgação dessa votação, provavelmente teríamos tido mais participação da comunidade escolar. Ficamos sabendo muito em cima da hora, não tivemos muito tempo para contatar todos os pais e alunos, fizemos tudo de forma bem acelerada”, ressaltou a diretora do Kennedy.
Goreti também afirmou não ter muitas informações de quais serão os próximos passos a partir de agora, após a promulgação da nova medida. “Chegou um decreto agora e eu, como diretora, preciso fazer uma inserção de documentos no sistema para continuar na direção. Depois, eu sei que o militar virá para a instituição fazer a parte administrativa financeira e gerenciamento disciplinar dos alunos, e nós ficaremos na parte pedagógica”, revelou.
Sindicato protesta
A APP-Sindicato, que representa os professores da rede estadual, entrou com uma ação na Justiça para tentar barrar a consulta. Segundo o sindicato, o processo é irregular, por não respeitar prazos definidos na lei aprovada pela Assembleia Legislativa, que previa que os referendos seriam convocados com um prazo de 30 dias. De acordo com o sindicato, o anúncio foi feito na segunda-feira (26) para que a consulta iniciasse no dia seguinte.