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Mulher no volante e sem o perigo constante

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    Ainda é comum ouvir que mulher e direção não combinam. Muita gente acredita que as mulheres são menos aptas a dirigir do que os homens. Mas não é o que as estatísticas apontam. De acordo com o levantamento Mulheres no Trânsito feito no ano passado, realizado pela Seguradora Líder, que administra os recursos do DPVAT, o seguro obrigatório pago por todos os proprietários de veículos no Brasil, mostra que elas respondem por apenas 25% das indenizações pagas em geral no País, enquanto os homens ficam com 75% dos pagamentos.

    E para abordar melhor este assunto, ninguém melhor que mulheres que ensinam outras pessoas a dirigir. Josiane Alves de Oliveira, 42 anos, é instrutora de aulas práticas em uma autoescola em Rolândia. Ela atua na profissão desde 2008 e há 13 anos ensina para homens e mulheres o processo prático de direção. Ela conta que a profissão foi motivada por amor a direção que ela carrega desde a infância. “Dirigir para mim sempre foi um sonho desde os 12 anos de idade, e foi com essa idade que aprendi a dirigir. Depois que cresci, a profissão foi motivada pelo amor à direção mesmo que trago comigo desde criança”, contou Josiane.

    A instrutora Jocieli Lourenço dos Santos, 33 anos, começou a trabalhar como instrutora de trânsito em 2015. Ela contou que em 2014 fez o curso para atuar, porém precisou esperar ter um ano da categoria D que era uma exigência da época. “Minha maior motivação e inspiração nesta profissão sempre foi o meu esposo, Josmar Alves de Oliveira, que também é instrutor de trânsito e atualmente trabalha em Londrina”, afirmou Jociele.

    Já me mandaram lavar louça
    Josiane afirma que o preconceito infelizmente ainda existe, e que ela já foi vítima de situações de machismo, felizmente, não de alunos, mas de pessoas na rua que a veem na atuação de instrutora, e se colocam no direto de opinarem sobre a sua profissão. “A gente sofre sim, claro que não são todos os homens, mas já aconteceram situações de eu estar no meio da aula e chegarem homens com toda a autoridade nos dizendo o que temos que fazer. Já me mandaram até ‘lavar louça’ e falaram que o nosso lugar, enquanto mulher é estar lavando louça”, lamentou.

    Já Jociele afirma que apesar de ainda vivermos em uma sociedade muito machista, ela, felizmente, nunca passou por uma situação de preconceito neste sentido, e que sempre foi muito bem aceita. Mesmo assim, ela reconhece a existência desta diferenciação que, mesmo após muita evolução, ainda pode ser vista.

    Empatia ainda é um desafio
    A instrutora Josiane disse que ainda estamos vivendo um processo de mudança em relação a isso, e que essas resistências, entre outros fatores, se enquadram como seus maiores desafios enquanto profissional. “O desafio maior que vivencio sendo instrutora é essa resistência a participação feminina no meio, além da grande intolerância no trânsito que está muito caótico”, afirmou.

    Josiane afirma que ainda falta muita empatia no trânsito, por parte de todas as pessoas que, durante a correria do dia a dia, sempre acabam pensando mais em si mesmas, e quase nada no próximo. “Falta muito respeito no trânsito, e quando estou com o carro da autoescola, é pior ainda. O que deveria ser o contrário, por ser um carro todo identificado como um carro de direção veicular de aprendizagem, mas infelizmente, não é assim”, revelou.

    Neste mesmo contexto, Jociele também citou que a falta de empatia do ser humano para com o próximo, não apenas no trânsito, mas sim em vários segmentos, também se enquadra em dos seus grandes desafios. “Nossos clientes da autoescola, que estão em fase de aprendizado com carros caracterizados, sofrem com a falta de empatia dos motoristas que se julgam “habilitados” e, às vezes, até destratam quem está em processo de habilitação”, explicou.

    Mulher: seja forte!!
    Neste momento Josiane atua como instrutora, mas em breve vai atender de modo particular pessoas já habilitadas que ainda possuem medo de dirigir. Nesta nova fase, ela espera que seja mais respeitada neste aspecto do machismo, e também que as pessoas criem uma cultura mais respeitosa e empática no trânsito. Para as mulheres, ela deixa uma mensagem de coragem e perseverança. “Deus nos criou com igualdade, e Ele é o maior interessado em nos ajudar em nossas necessidades e sonhos. Mulheres, sejam fortes e corajosas, sigam sempre com perseverança, fé e muita coragem”. 

    Jociele também falou sofre a força da mulher e afirmou que no mundo em que vivemos as mulheres precisam ser cada vez mais independentes e donas de si. “Conquiste sua independência de alguma forma, seja trabalhado, estudando e, claro, tirando a habilitação que até alguns anos atrás era um sonho muito distante. Antes, o homem era o protagonista, e a mulher no volante era o perigo constante. Hoje temos provado o contrário, que somos capazes sim de ser tão boas motoristas, e que sim, somos mais cautelosas e somos merecedoras de cada conquista que fazemos”, assegurou.

    Contexto histórico e dados
    No Brasil, as mulheres pioneiras a conseguir habilitação para dirigir foram Maria José Pereira Barbosa Lima e Rosa Helena Schorling, também a primeira paraquedista do País, que conseguiu sua habilitação em 1932, em Vitória (ES).  Schorling conseguiu ainda a habilitação para motos em 1933.

    Mesmo com a mudança de cenário das mulheres no universo da direção, os homens ainda são maioria em número de carteiras válidas no país, correspondendo a 65% das habilitações. Entretanto, de 2013 a 2019, 44% de um total de 14,2 milhões de novos condutores eram mulheres, segundo dados do Instituto Ipsos. Ou seja, se comparado ao cenário de 2013, as mulheres aumentaram sua participação em 2,2% neste período.

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