Na segunda-feira (26), o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica em que recomendou a aplicação da segunda dose de vacinas contra a Covid-19, mesmo fora do prazo indicado pela fabricante. “É melhor tomar fora do prazo do que não tomar”, explica Paloma Pissinati, secretária municipal de Saúde de Rolândia.
A preocupação da secretária com os “faltosos” da segunda dose tinha fundamento. Até a sexta-feira (23), o percentual de faltosos da D2 era de 28% entre as pessoas com 80 anos ou mais, 13% entre o grupo de 75 a 79 anos e 24% entre pessoas de 70 a 74 anos. A Saúde correu, divulgou e fez a busca ativa e diminuiu sensivelmente esses números. “Agora nosso problema está só na faixa etária de pessoas com mais de 80 anos”, revelou Paloma. “São mais de 300 idosos que ainda precisam receber a segunda dose”, ressaltou.
A secretária pede que as pessoas que estão nesse faixa etária, mesmo que tenham perdido o prazo, vão direto ao Centro Municipal de Vacinação, ao lado do Pronto Atendimento, na Vila Oliveira. “Basta ir lá e ser vacinado, sem agendamento e sem fila”, afirmou Paloma. O Centro fica na rua Tupi e está aberto de segunda sexta-feira, sempre no horário comercial.
A ciência ainda não sabe com precisão quando o efeito da segunda dose perderá sua função pelo tamanho do atraso. Mas, muita atenção, é melhor apostar em tomá-la do que não fazer nada, desistindo de vez e jogando a toalha no chão. Sem a D2, a pessoa pode ter certeza que está sem proteção. Ou seja, se até a segunda dose já tiver passado muito tempo e ela não adiantar para grande coisa, pior do que está não fica. Mas a esperança é de ainda funcione — talvez não do mesmo jeito, conforme o tempo de espera. Ao menos, será alguma coisa.
No caso da CoronaVac, não há dúvida de que a proteção só aparece após a segunda aplicação, como se a primeira apenas preparasse o terreno. A vacina de Oxford, produzida pela AstraZeneca e pela Fiocruz, provou na prática que o momento ideal da segunda dose seria após 90 dias. Além disso, estudos indicam que ela já ofereceria alguma proteção após a primeira aplicação. Fique claro: é uma proteção baixinha, que não resolve na prática, ainda mais vivendo no epicentro da pandemia.
Há casos de pessoas que simplesmente optou por não tomar a D2. No caso da vacina de Oxford, abriram mão da segunda dose com medo de trombos. O risco aponta ser de 500 a 1 mil casos a cada 1 milhão de pessoas vacinadas. No caso da Covid-16, porém, 160 mil pessoas têm trombose a cada 1 milhão de infectados. O risco é incomparavelmente maior para cidadão “ligeiramente vacinado” e para todo mundo que cruzar com ele.