Vou responder de cara: Eu acho que sim! Mas… não é de hoje que a cerimônia vem perdendo público, e isso se deve a uma série de fatores. Esse ano, e a pandemia ajudou muito nisso, foi registrado a pior audiência da história do Oscar. Pra começar, se der uma perguntada por aí, a maioria não viu nenhum, ou quase nenhum filme concorrente. “Ah, mas se a gente está mais em casa vendo filme, não deveríamos estar vendo mais”? Não necessariamente. Primeiro porque Oscar é cinema, e por mais boa vontade que os estúdios estejam tendo lançando seus filmes direto nos streamings, não é a mesma coisa. Depois que com essa avalanche de canais por streaming – uma discussão que não vou entrar aqui hoje – fica difícil saber onde vai estar tal filme, onde posso ver tal ator. Não é todo mundo que tem disposição pra sair procurando – e pagando – canais diferentes.
Bom, falando da premiação desse ano em si, o grande vencedor foi Nomadland, que levou melhor filme, direção e atriz – Francis Mcdormand. Mas podemos destacar muito a vitória de Anthony Hopkins – pessoa mais velha a ganhar na categoria de melhor ator – por seu trabalho emocionante em Meu Pai, que conta a história – sob a ótica do enfermo – de um homem com Alzheimer. Também podemos destacar o fato de que por conta da pandemia/idade, ele não estava para receber o prêmio, e como foi impedido pelos produtores de participar via vídeo chamada, na hora que ele ganhou ele estava dormindo, não tava nem vendo.
No mais, bastante mais do mesmo em uma cerimônia que mesmo inovando um pouco no formato da transmissão fica cada vez mais chata. O principal problema dos filmes não irem ao cinema é a falta de impacto. Tudo bem que os ganhadores são os “dramas menores” de sempre, mas filmes que seriam grandiosos como Relatos do Mundo, chocantes como Mank ou políticos como 7 de Chicago vão perdendo a força na telinha e viram “mais um da Netflix” por melhores que sejam.
A volta do cinema não vai salvar o Oscar, mas pode enterrar de vez.
Samuel M. Bertoco é formado em Marketing e Publicidade