Receber uma criança em casa muda a rotina de qualquer casal. Se forem gêmeos, o trabalho chega em dobro. E se forem três crianças? E se essas elas tiverem idades diferentes e um histórico familiar sensível? E para dificultar ainda mais: passar por essa experiência no meio de uma pandemia mundial. Quantos aceitariam o desafio?
O processo
Segundo Paulo, todo o processo de adoção durou aproximadamente quatro anos, o que afirma ter sido até relativamente rápido para eles, pois há pessoas para as quais o processo demora tanto que até acabam desistindo de adotar. “Há muitos anos, quando resolvemos ter filhos, começamos um tratamento para engravidar, mas, ao mesmo tempo, também demonstrávamos interesse em adotar. Nessa época fomos ao Fórum, assinamos um documento e até fizemos um curso”, relembrou Paulo.
A ideia inicial do casal era adotar crianças que tivessem de zero a um ano de idade. Depois, eles resolveram aumentar a faixa etária e optaram por adotar irmãos com uma idade maior. “Nós até paramos com o tratamento e continuamos com o processo de adoção. Até que um dia o Fórum entrou em contato com a gente perguntando se ainda tínhamos o interesse de adotar. Havia três irmãos para doação e só nós havíamos manifestado interesse em crianças com uma idade maior, e que fossem irmãos”, explicou.
Paulo afirmou que na hora eles levaram um susto, mas depois começaram o processo de familiarização com as crianças que levou muito tempo, cerca de três anos. Em fevereiro, o casal teve a guarda definitiva aprovada e, desde então, estão vivendo com as crianças. “É engraçado porque, quando olhamos para eles, parece que eles sempre estiveram aqui. E foi legal que desde o primeiro dia eles já nos chamaram de pai e mãe. A parte mais difícil disso é realmente a espera, e para nós, ela foi até menor porque nós adotamos crianças maiores que são irmãos”, ressaltou a mãe Denise.
A certeza de querer adotar
A adoção, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é uma medida irrevogável. Uma vez que se alcança uma decisão favorável em um processo de adoção, é atribuída àquela criança ou adolescente a condição de filho, lhe garantindo todos os direitos previstos na legislação e trazendo deveres para estes pais adotivos.
Porém, infelizmente, os casos de devolução de crianças após a adoção existem. Embora não se tenha um levantamento a respeito da ocorrência das devoluções no Brasil, a questão é grave e precisa ser discutida, principalmente porque muitas das crianças e adolescentes que hoje estão em abrigos, foram devolvidas ao menos uma vez.
O poder do amor e da família
Paulo confessa que, após a chegada dos irmãos, ele e a esposa apreenderam muito enquanto pessoas e evoluíam bastante. “No começo foi mais difícil por conta da rotina, mas agora tudo está tranquilo. Todos os dias a gente aprende uma coisa nova com eles, e tem horas que eles parecem até ser nossos filhos biológicos, temos gostos muito parecidos”, revelou.
O casal afirma que o maior desafio já foi vencido, mas agora novos começam. O principal deles é poder proporcionar uma vida com muita dignidade às crianças, especialmente com acesso à educação e, claro, muito carinho e amor. “Eu sempre digo que a parte mais difícil é educar, pois isso demanda mais tempo. Agora, queremos dar uma boa estrutura de vida para eles e cuidar muito. Queremos deixar um legado de educação e bons exemplos, que foi o que a gente aprendeu com os nossos pais”, garantiu Denise.
Paulo afirmou que os irmãos são muito unidos, felizes, inteligentes e espertos. “Os três são bem grudadinhos e eu sempre falo para eles que precisamos ter a família perto de nós e sempre prezar por eles. E a partir de agora o que eles estão mais recebendo é amor e carinho de todos nós”, concluiu.