A partir dos anos 1970, junto com o crescimento da cidade, começaram a surgir também os problemas sociais, tais como, o desemprego, a falta de moradia, as drogas etc. Coincidentemente, surgiram favelas em duas localidades: Favela do Sapo, ao lado do kartódromo, na Vila Oliveira, e Favela do Grilo, atrás do Erdei, no fundo do Jardim Teresópolis, que mais tarde ficou chamada de Vila Nova. Mais tarde, o Governo Municipal, com a ajuda do Governo Estadual, transferiu estes moradores, contra a sua vontade, para as Casas Geminadas, hoje Jardim Itália. Essa delicada situação foi motivo de preocupação tanto para as Autoridades Municipais quanto para mim como Paróquia.
– Aí veio a primeira resposta: a criação de uma entidade que pudesse tirar da rua adolescentes e jovens desocupados. Assim, aos 7 de maio de 1975, nascia a Guarda Mirim, mais tarde Legião Mirim, com o intuito de formar o caráter, cuidar da saúde e integrar na família e na comunidade os integrantes adolescentes e jovens de 12 a 18 anos. A iniciativa partiu de mim, junto com o juiz daquela época, Dr. Sérgio Rodrigues, e do presidente da ACIR, Darci Pozzobom. A primeira diretoria foi assim composta: Darci Pozzobom (presidente); Roberto Lachner (vice-presidente); Nelson Armacollo (Secretário); José Piva (2º Secretário); Sizenando de Almeida (Tesoureiro) e Wanderley Rocha (2º tesoureiro). Por indicação minha, foi nomeada como diretora executiva a bem conhecida professora Martinha Ribeiro de Oliveira. O prefeito da época, Orlandino de Almeida, nos tinha dado grande impulso.
Nos primeiros quatro anos, de 1975 a 1979, a sede da Legião Mirim funcionou na casa da Dona Martinha, onde teve a ajuda do seu marido Juvenal e de toda sua família. No dia 27 de novembro de 1979 foi inaugurada a sede própria da entidade, construída com a ajuda da Comunidade e de uma outra entidade católica da Áustria, em terreno pertencente à Sociedade São Vicente de Paulo, a qual possui a mesma finalidade: a promoção humana. Recebeu a bênção do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de São Paulo.
A partir de 1980, o prefeito Eurides Moura, conhecedor da situação precária da entidade, nos cedeu uma professora para dar assistência aos estagiários e um professor da educação física para cuidar do esporte, tão necessário aos adolescentes. Com o passar do tempo, a entidade chegou a ter 200 adolescentes e jovens, muitos dos quais, hoje, são empresários, comerciantes, doutores, policiais militares e outros profissioniais. Com a aposentadoria da Dona Martinha e, já sob a direção do abnegado e dinâmico Arlindo Bertocchio, a Legião Mirim, seguindo novos regulamentos governamentais e devido a questões judiciais, ficou agregada à AVOCAR (Associação dos Voluntários da Caridade).
– A segunda resposta foi dada aos 4 de junho de 1989 com a instalação da Pastoral da Criança. O que é Pastoral da Criança? É um organismo de ação social, cujo objetivo é o desenvolvimento integral da criança desde sua concepção até os 6 anos de idade em seu contato familiar e comunitário, a partir de ações de caráter preventivo e para diminuir a mortalidade infantil. Fundada pela Dra. Zilda Arns Neumann, irmã do Cardeal Paulo Evaristo Arns, e junto com Dom Geraldo Magela Agnelo no ano de 1983 na cidade de Florestópolis (PR), a Pastoral da Crianças se instalou em Rolândia, a meu pedido, apenas 6 anos após sua fundação, graças à ajuda e colaboração das seguintes senhoras: Odete Godoy, Aparecida Moura, Cleide Tribulatto, Neusa Canônico e Regina Maura de Oliveira.
Desde o início, havia três locais de atendimento com a ajuda de líderes comunitários. Na Vila Nova, onde tínhamos uma salinha adequada, e no Jardim San Fernando; mais tarde também nas Casas Geminadas. Naquele tempo, havia uma Capelinha de tábuas na Água do Caranguejo, antiga estrada para Pitangueiras, que tinha ficado abandonada e, então, com a ajuda do prefeito Eurides Moura foi demolida e transportada para um terreno vazio cedido pela COHAPAR no Jardim San Fernando, onde funcionou a Pastoral da Crianças e começamos os primeiros trabalhos pastorais com Missas em preparação à futura igreja e, mais tarde, Paróquia da Ressurreição. Quem coordenava os trabalhos da Pastoral nestas localidades era a bem dedicada e atuante Dona Aparecida Borges Machado, ajudada pelo seu marido Marcelino e Jessé Fernandes. E, mais tarde, também Marcos de Paula, que continuou com muita garra, o trabalho da Dona Cida. Na Vila Oliveira, quem coordenava este trabalho era Dona Adelina de Oliveira, a qual realizou belíssimo serviço em favor das crianças e suas mães pobres.
Em abril de 2001, recebi da Dra. Zilda Arns um bilhete que dizia: “Prezado Mons. José, fiquei muito feliz em saber que na sua Paróquia já temos mil crianças na Pastoral da Criança. Parabéns! Gostaria de pedir que faça, em meu nome, uma visita às Comunidades com Pastoral e ouça o que eles têm a dizer; talvez o senhor consiga Vicentinos nas Comunidades a entrarem nesta rede de solidariedade humana, tecida de Fé e Vida”.