Instituição tem, ainda, dívida de mais de R$ 2,2 milhões em contas atrasadas no período de julho de 2020 a junho de 2021
Um levantamento realizado pela atual administração do Hospital São Rafael aponta que a instituição tem um déficit médio mensal de 350 mil reais. Já a soma das contas em atraso, que se referem ao período de julho de 2020 ao mês de junho de 2021, fecham um total de 2.228.591, 33 – aí estão Copel, Sanepar, Impostos, acordos trabalhistas, honorários médicos, insumos e medicamentos, fornecedores e prestadores de serviços, entre outros. O hospital ainda tinha um montante referente a empréstimos de material e medicamento de 116.102,41, mas que já foi devolvido e acertado, conforme informado pelo atual diretor administrativo do hospital, Paulo Boçois. O diretor explicou que, ao assumir novamente a gestão do HSR, no dia 28 de maio desse ano, verificou que não havia um balancete fechado de 2021.
“O último balancete que havia sido encerrado era do ano de 2020, do mês de dezembro, então nós não sabemos o que estava acontecendo. Aqui, em nosso trabalho antes de ir para o balancete, nós primeiro fizemos um levantamento financeiro, e já fechamos a contabilidade. Agora em setembro, a gente já está regular nessa questão, no dia 5 de setembro já estávamos com 18 balancetes fechados, e com os panoramas de janeiro a agosto”, explicou Boçois.
O atual diretor ainda fez um panorama do déficit e do superávit da instituição desde o ano de 2015 – ano em que o HSR sofreu intervenção municipal. “Em 2015, o déficit era de R$ 2,6 milhões; R$ 1,1 milhão em 2016 e R$ 1,2 milhão em 2017. Em 2018, nosso primeiro ano de trabalho, nós entregamos R$ 1,7 milhão de superávit, lembrando que desde 2012 o hospital não tinha resultados positivos. Em 2019 entregamos R$ 2,1 milhões”, pontua o Boçois, que deixou a administração do hospital em julho de 2020.
Em 2020, os números mostram um superávit de R$ R$ 687 mil. De acordo com Boçois, em 2020 houve um reconhecimento de receita na contabilidade da instituição de um valor referente a 900 mil reais, que que foi só uma antecipação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), e que esse reconhecimento não poderia ser feito da forma como ocorreu. “Registraram um valor de 900 mil reais como caixa, mas aqui o efeito desse saldo tem que ser por competência. Lembrando que nós estamos falando de números de resultados, e não de dinheiro”, especificou o diretor.
Para ficar mais claro, o regime de competência é aquele que antecipa os seus lançamentos e acaba sendo utilizado para organização dessa contabilidade. Sem contar que essa é a maneira obrigatória de fazer os registros contábeis. Já o regime de caixa considera as negociações no ato em que existe a transação financeira, e está diretamente ligado ao fluxo de caixa. “Isso quer dizer que, se isso não fosse mudado, na verdade o hospital teve um déficit de quase R$ 220 mil em 2020”, esclareceu Boçois, que voltou ao hospital em junho deste ano.
“Nesse momento, o HSR possui um saldo negativo de R$ 1,2 milhão, lembrando que nós já tivemos alguns resultados positivos entre os meses de julho e agosto, lembrando mais uma vez que não estou me referindo a valores em dinheiro, e sim, de resultados. Não sei se vou conseguir zerar esses valores até o final do ano”, lamentou. O diretor apresentou esse cenário financeiro ao prefeito Ailton Maistro na semana passada e que faria o mesmo aos vereadoras na quinta (16). “A população também tem o direito de ficar sabendo disso, a minha intenção na Câmara é conversar com os vereadores e verificar a possibilidade de fazermos uma audiência pública, utilizando essa mesma apresentação, também mostrando tudo para a população”, afirmou Boçois.
O diretor ainda trouxe a informações quanto aos recursos que foram recebidos pela instituição, após o período que ele assumiu novamente a gestão. “O valor de um milhão e novecentos e vinte reais fui eu que arrecadei, e o outro um milhão foi do por meio do Deputado Francischini, e que foi mérito do perfeito Ailton Maistro, que foi lá e conversou com o parlamentar”, lembrou.
Para o diretor, o funcionário do hospital tem direito de receber uma cesta básica por mês, e o benefício havia sido suspenso no ano passado, mas retornou em maio desse ano quando o mesmo assumiu. “Quanto as férias tinham algumas coisas em atraso, mas a gente já regularizou, quanto aos acertos trabalhistas também está ok, já o FGTS que no ano passado pagaram só até o mês de novembro, a gente está nessa situação de dívida”, comenta. As dívidas referentes ao FGTS giram em torno de 449 mil reais e representam cerca de 20,19% do percentual total dos valores em atraso.
Na projeção mensal, além do déficit de 350 mil reais ao mês citado no começo da matéria, o diretor informou que foi verificado que havia um equipamento de usina de oxigênio, que estava parado sem utilidade, e que agora vai ser colocada para rodar. “Com o uso desse equipamento nós teremos uma redução financeira próxima de 30 mil reais por mês no custo de oxigênio com o hospital”, comenta. “Hoje temos o déficit mensal de 350 mil, quando novos recursos chegarem, em novembro ou dezembro, nós ainda teremos um déficit de 70 mil”, finaliza.