Por Carla Kühlewein
Há muito tempo, certas mulheres tinham o hábito de se reunir nos requintados salões da corte francesa para (imagine só) criar e contar histórias repletas de seres fantásticos, especialmente fadas. Ao longo do tempo essas narrativas ficaram conhecidas como “contos de fadas”, nome atribuído por Madamme Villeneuve, uma das contadoras. A dedicação dessas mulheres à criação de contos era tamanha, que passaram a ser chamadas de “preciosas”. Mal sabiam elas que deixariam um verdadeiro legado à humanidade…
Não, esse não é mais um conto de fadas. É a história real de mulheres que foram “esquecidas” e “caladas” por muito tempo, permanecendo no anonimato por séculos, até encontrarem alguém que as “ouvisse” novamente.
Em 2019, a Editora Florear Livros, de Londrina, publicou uma compilação de algumas dessas preciosas histórias na obra
‘Na cia de Bela: contos de fadas por autoras dos séculos XVII e XVIII’, traduzidas cuidadosamente do francês por Susana Ventura e Cássia Leslie (proprietária da editora) e com requintado projeto gráfico de Roberta Asse.
O livro traz seis contos no total, o primeiro é o mais conhecido: ‘A Bela e a Fera’, de Jeanne-Marrie Leprince de Beaumont (ou simplesmente Beaumont). Já o conto ‘Salsita’ lembra outro que conhecemos bem… de uma certa moça com cabelos bem longos trancada no alto de uma torre… Mas essa já é outra história!
Fiquemos por ora com a esperança de que não importa quanto tempo demore, vozes silenciadas sempre hão de ser ouvidas, ainda mais se forem… Preciosas!
Carla Kühlewein é graduada em Letras Vernáculas e Clássicas (UEL), Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada (Unesp) e Doutora em Literatura e Vida Social (Unesp).