Palavras – por Monsenhor José Ágius
Na semana passada, e mais exatamente no dia 25 de janeiro, comemoramos, no calendário litúrgico, a conversão de São Paulo Apóstolo. Seu nome de nascimento era Saulo, que é a forma grega do nome hebraico Saul. De origem judaica, ele nasceu na cidade de Tarso. Na sua juventude foi discípulo do rabino Gamaliel no estudo dos livros sagrados do judaísmo. Parece que não conheceu Jesus, porém estava presente na ocasião do apedrejamento do diácono Estevão pelos judeus. Seu extremo zelo pela Lei levou-o a perseguir os discípulos de Jesus, cujo ensinamento entrava em choque com a sua doutrina.
Diante do testemunho de fé, até o martírio, que estes discípulos davam, Paulo é abalado em suas rígidas convicções, passando por um processo de conversão. Na narrativa da conversão, em Atos dos Apóstolos, Jesus ressuscitado identifica-se com o discípulo perseguido. “Quem és Senhor?”. “Eu sou Jesus, aquele que tu persegues”. Após a conversão, Paulo retira-se por cerca de oito anos em sua cidade natal. Neste período, ele relê o Antigo Testamento à luz da novidade de Jesus. A teologia de Paulo é centrada na morte e ressurreição de Jesus, que recebe o título de Cristo, sob a ótica messiânica da tradição do judaísmo de seu tempo. Na sua primeira viagem missionária se dá a mudança de nome de Saulo para Paulo, na forma latina, por ocasião da conversão do pro cônsul romano de Chipre, Sérgio Paulo.
O texto do evangelho de Marcos, no capítulo 16, versículos 15 a 18, que é um acréscimo tardio a este evangelho, menciona os sinais que acompanharão aqueles que crerem, sendo um deles o seguinte: “se pegarem em serpentes… não lhes fará mal nenhum”. Este texto contempla a tradição de que uma serpente agarrou-se na mão de Paulo, em Malta, (Atos 28) sem lhe fazer mal. Devido ao imenso zelo missionário de Paulo, a tradição cristã foi fortemente marcada pela doutrina paulina. Paulo é colocado ao lado de Pedro, dando-se, a ambos, maior destaque em relação aos demais apóstolos.