A vereadora Cristina Pieretti quer implantar o projeto na cidade; ação já existe em Ibiporã e também já foi aprovada em Londrina

No dia 10 de fevereiro, a Câmara Municipal de Londrina aprovou o Projeto de Lei n° 109/2021 que garante a distribuição gratuita de absorventes para meninas e mulheres carentes do municĂpio. A medida, assinada pelas sete vereadoras da Casa, prevĂŞ a distribuição em escolas municipais, Unidades Básicas de SaĂşde (UBS), instituições de acolhimento infanto-juvenil, unidades prisionais e de internação coletiva. A Assessoria JurĂdica do Legislativo, antes da aprovação em plenário, considerou o projeto inconstitucional.
De acordo com o parecer, a ação deveria ter sido proposta pelo prefeito. Além disso, a assessoria também alegou que o PL não apresenta formas de custeio dos absorventes.
Diante desse cenário a vereadora Cristina Pieretti, de Rolândia, tambĂ©m subprocuradora da Procuradoria da Mulher, quer implantar um projeto semelhante na cidade, visto a importância e o impacto positivo que essa ação tem para as mulheres em vulnerabilidade social. “O projeto que vai passar pelo Legislativo está em quase todas as câmaras do paĂs. Algumas cidades adaptam um tipo de fonte pagadora para dar constitucionalidade ao projeto. E Ă© isso que eu estou fazendo na Câmara de Rolândia”, explica Cristina.
A parlamentar pontua que a constitucionalidade ou nĂŁo Ă© somente uma questĂŁo de orçamento. NĂŁo tem relação com o projeto, que tem o efeito de promover a diminuição da pobreza menstrual. “O foco desse projeto Ă© promover o acesso ao absorvente para proteger essas meninas e mulheres durante o perĂodo da menstruação. É um modo de dar dignidade a essa mulher que muitas vezes faz o uso de papelĂŁo, de jornal, de resto de tecido, de miolo de pĂŁo. Materiais inadequados e que podem estar infectados”, ressalta.
Dados da pesquisa realizada pelo Ensino Social Profissionalizante (Pros) apontam que 20% das jovens de 14 a 24 anos que menstruam deixam de ir à escola por não terem absorventes. Para chegar a esses números, foram ouvidas 2.930 meninas e mulheres em outubro de 2021. “Hoje pagamos de cinco a dez reais em um pacote de absorvente. Mas um pacote só não é suficiente durante a menstruação; às vezes precisamos de dois ou até três pacotes. Há muitas mulheres que não tem condição de comprar porque não têm trabalho”, afirma Cristina.
A subprocuradora ainda reforça que Ă© importante deixar claro que a menstruação Ă© um processo natural, Ă© um sinal de saĂşde, de fertilidade da mulher, e existe essa necessidade do uso do absorvente para auxiliar nesse perĂodo. “A precariedade menstrual Ă© a necessidade ou uma falta que essas meninas e mulheres tem de ter acesso ao absorvente para se proteger durante esse perĂodo. Isso causa tambĂ©m a falta da sua dignidade”, afirma.
A vereadora tambĂ©m comentou que acredita que nĂŁo haverá oposição na Câmara para aprovar o projeto. Cristina ainda informou já teve uma conversa com o secretário de AssistĂŞncia Social, Diego Silva, que Ă© a favor do projeto. “Ele tem uma cabeça bem aberta e para frente e entendeu que realmente a pobreza menstrual Ă© um problema e precisa ser minimizado. Ainda nĂŁo tive posicionamento do prefeito em relação ao assunto, mas acho que Ă© uma coisa relativamente muito barata para o Poder PĂşblico municipal. NĂŁo sĂŁo R$ 1 mil em absorventes por mĂŞs para distribuir nos CRAS e nas escolas que vĂŁo fazer diferença no orçamento do municĂpio”, concluiu Cristina Pieretti.