Setembro é o mês dedicado à prevenção do suicídio. Todos os anos são registrados cerca de dez mil suicídios no Brasil e mais de um milhão em todo o mundo. É considerado, portanto, uma grande questão de saúde pública. Há, porém, um estigma, um tabu relacionado ao assunto, e isso faz com que pouco se fale sobre o tema.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, é possível prevenir o suicídio, desde que as pessoas se informem e que o preconceito em torno da doença mental seja desconstruído. Estudos indicam que 17% das pessoas no Brasil já pensaram, em algum momento, em tirar a própria vida. O suicídio é a terceira maior causa de morte entre os jovens. Portanto, precisamos falar sobre o tema!
O suicídio é um fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, em todas as culturas. É considerado um comportamento com determinantes multifatoriais, sendo um desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo. É a consequência final de um processo.
Os dois principais fatores de risco são: – Tentativas prévias – pacientes que tentaram suicídio uma vez tem 5 a 6 vezes mais chances de tentar novamente; – Doenças mentais – quase todos os suicidas tinham alguma doença mental, muitas vezes não diagnosticada ou não tratada adequadamente. As doenças mentais que mais levam ao suicídio são os transtornos de humor (depressão e transtorno bipolar), dependências de álcool e outras substâncias, esquizofrenia e transtornos de personalidade.
Existem muitos mitos em torno do comportamento suicida:
– As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem só chamar atenção – Falso. A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte dos suicidas expressou, em dias ou semanas anteriores, seu desejo de morrer.
– Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco – Falso. Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.
– É proibido que a mídia aborde o tema suicídio – Falso. A mídia tem obrigação social de tratar desse importante assunto de saúde pública e abordar esse tema de forma adequada. Isso não aumenta o risco de uma pessoa se matar, ao contrário, é fundamental dar informações à população sobre o problema. Ajuda na prevenção.
Se você ou alguém próximo a você tem apresentado isolamento, perda de esperança, ideias ou falas sobre morte, não hesite em procurar ajuda. Não esconda ou ignore o problema. Procure um serviço de saúde, e fale sobre isso!
Há profissionais habilitados para escutar, entender e encaminhar para o tratamento especializado. Vamos lutar contra o preconceito, vamos salvar vidas!
Dra. Isabella L. C. Gouveia é médica psiquiatra e atende no Centro Médico Norte do Paraná (Rua Martin Friedrich Mewes, 101, Roland Garden, Rolândia, fone 3176-2700)