“Um novo olhar! Uma nova mulher!”

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Danielle Frighetto descobriu o câncer de mama aos 41 anos e contou ao JR como descobriu e como foi passar pelo tratamento

Danielle Frighetto descobriu o câncer em maio do ano passado

Meu nome é Danielle Frighetto, tenho 42 anos, sou divorciada e tenho dois filhos, João Henrique, de 10 anos, e Miguel Henrique, de 7 anos. Trabalho na área da Educação há 24 anos, sou sócia e proprietária da Escola Aquarela Educação Infantil e Ensino Fundamental.


Em maio de 2021, estava fazendo exercícios e senti uma sensação estranha na mama esquerda, como se a mesma estivesse enchendo de leite. Passei a mão na parte superior da mama e senti um caroço, ia ao ginecologista todo ano e sempre fazia o auto–exame, nunca havia percebido o caroço. A sensação que eu tive é que ele apareceu da noite para dia, pois era muito visível. No dia seguinte já marquei uma consulta com meu ginecologista, pois, na minha família, temos caso de câncer de mama, mas até então estava tranquila e muito confiante.


Realizei todos os exames que o médico havia pedido, fui ao retorno e foi aí que começou a luta. Fui encaminhada para o mastologista, logo já consegui uma consulta, o médico foi muito atencioso e rápido, em menos de 20 dias realizei todos os exames. No dia 11 de junho, retornei para pegar o resultado, estava bastante angustiada, pois alguma coisa dentro de mim dizia que a luta ia ser grande. Chegando no consultório, o médico me passou o resultado, fiquei em choque, meu mundo caiu. Não conseguia pensar em outra coisa a não ser nos meus filhos, que eu teria que ser forte e lutar por eles.


Antes de sair do consultório o médico olhou para mim e disse: “Dani, segura nas mãos de Deus de um lado e eu seguro do outro, vamos vencer essa juntos.” E assim eu fiz, por mais difícil que tenha sido a notícia, não me deixei cair. A parte mais difícil foi contar para as pessoas que eu mais amava, pois não queria vê-las sofrer, foi uma luta muito grande, muito choro e muitos porquês, muitos questionamentos…. Por que com você, aí muitas vezes eu falava ‘e por que não comigo’, teve dias de choro, sim teve, mas posso dizer com muita propriedade que os dias felizes foram bem maiores.


Até o começo do tratamento, realizei vários exames e passei por outros profissionais como dentista oncológica, nutricionista. Foi feito um novo exame para ver qual o tipo de câncer e como seria o tratamento, e mais uma vez alguns dias de espera até o resultado. Meu câncer era o Triplo Negativo, devido a esse tipo de câncer tive que fazer todo o tratamento de quimioterapia e depois a retirada total da mama. No dia 24 de junho de 2021 comecei meu tratamento e, como toda mulher, o maior receio era a queda de cabelo. Resolvi usar a touca para amenizar a queda, fiz o uso da mesma uma única vez, não consegui, era congelante e apertava muita a cabeça, já não é uma situação agradável a quimioterapia e com a touca sabia que eu iria sofrer ainda mais. Cheguei em casa e conversei com os meus filhos, com minha mãe e com minha irmã, expliquei para eles sobre a touca, então falei que não iria usar mais e que, futuramente, meus cabelos iriam cair. Não demorou muito para acontecer, mas, com o passar do tempo, fui me acostumando com o novo visual.


Foram 16 sessões de quimioterapia: 12 brancas, nas quais não tive muitas reações, e a cada 3 sessões uma bateria de exames; e 4 sessões de quimioterapia vermelha a cada 15 dias. Essa me amedrontava, mas graças a Deus os sintomas eram leves, ficava enjoada e com o corpo ruim. Cerca de dias depois os sintomas iam desaparecendo.


Em outubro de 2021 fui na consulta de rotina, foi aí que decidi fazer o teste genético, pois, estava com dúvida em tirar a outra mama ou não. No dia 22 de novembro, peguei o resultado da genética e, mais uma provação na minha vida, infelizmente deu positivo. Mais uma vez meu chão caiu, mas Deus não me deixou desistir, sabia que teria que ser forte por mim, pelos meus filhos e pela minha família.


A cirurgia estava agendada para o dia 07 de dezembro. Quanta angústia para esse dia, mas Deus foi tão maravilhoso que colocou anjos na minha vida, esses anjos me ajudaram e me acalmaram e, com a graça de Deus, deu tudo certo. Retirada total das duas mamas, retiradas das auréolas, sai da cirurgia com as duas próteses, esse processo de aceitação da retirada das auréolas não foi fácil, muitas vezes me senti mutilada. Hoje ainda é difícil olhar, mas sei que foi o melhor a ser feito.


Após 1 mês de cirurgia passei pela médica oncológica, com a certeza que teria alta. Mais um susto, mais uma surpresa, essa foi a fase mais difícil de aceitação, pois na minha cabeça era como se fazer radioterapia significasse um retrocesso. Mas era preciso fazer tudo para alcançar a minha cura e foram 28 sessões de radioterapia, 28 dias indo para a Londrina.


Uma semana após o término do tratamento, em consulta com mastologista e oncologista, a frase mais esperada. Acabou! Acabou em partes, no dia 11 de agosto deste ano realizei outro procedimento cirúrgico, a retirada dos ovários, úteros e trompas como forma de prevenção devido ao teste genético ter dado positivo. Agora sim, ACABOU! E agora é hora de me proteger, de me cuidar, ir aos médicos a cada seis meses para realização de novos exames.


Ter fé, ter esperança, ter determinação, foi fundamental para mim, fiz um propósito de olhar sempre para a frente e assim fui vivendo um dia de cada vez.


O apoio e as orações dos meus filhos, dos meus irmãos, tios, tias, primos e primas e da minha segunda família, Aquarela, foram muito importantes nesse processo, o apoio, o carinho e o amor de cada um que passou pela minha vida. Nunca me esqueço que a cada quimioterapia era um mimo das primas, como esse gesto me fez bem.


O acesso a bons profissionais, que foram anjos na minha vida. Serei eternamente grata a esses profissionais que são excepcionais.


Hoje sou eternamente grata à minha vida, grata à família que esteve presente durante todo o tratamento, não poderia deixar de mencionar e agradecer todos os pais e todos os alunos da escola que, durante esses meses, estiveram junto comigo em oração. Cada abraço, cada sorriso dos meus pequenos era como remédio para o corpo e para alma.


Seja forte e corajosa, não temas nem te espante, porque o Senhor teu Deus é contigo por onde quer que você andar!

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