Por Monsenhor José Ágius
Uma das frases mais intrigantes do Evangelho é esta, extraída do evangelista Lucas, 14, 25-26: “E quem não carrega sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo”.
Fazendo da vida uma peregrinação, o cristão se desprende completa e imediatamente, para seguir adiante com Jesus Cristo. Ser discípulo de Jesus Cristo não é algo difícil de ser desejado; a figura de Jesus se apresenta tão santa e pura, tão amável e bondosa, tão humana e tão divina, que não pode deixar de arrastar o coração humano no desejo de seu seguimento.
Vemos hoje como mesmo as multidões juvenis não cristãs se apaixonam pela figura de Jesus e propuseram-na como guia e líder na novena e no cinema. Porém, ser verdadeiro discípulo de Jesus, tal como ele no-lo exige no evangelho, é mais que a simples admiração e reconhecimento de suas qualidades e virtudes. Seguir Jesus verdadeiramente e de perto exige muito: acima dos afetos mais dignos e santos, mais corretos e naturais, deve estar o amor a Deus, e inclusive acima da própria vida e do próprio eu.
A palavra “odiar” é um hebraísmo com o qual Jesus não pede ódio ou rancor, mas desprendimento completo e imediato de tudo que pode ser mais caro ao coração do homem. É preciso colocar o amor de Deus acima de tudo e de todos.
O evangelho não nos pode que odiemos nossos pais, quando, no próprio evangelho, se nos ordena que amemos nossos inimigos. Muitos mais, então, devemos amar nossos familiares.
A cruz é símbolo de negação; o cristão deve seguir Jesus Cristo ao Calvário para que possa segui-lo na ressurreição e na ascensão ao céu. O senhor Jesus nos fala de carregar a cruz e assim expressa a entrega da própria vida; o discípulo de Jesus deve star disposto ao martírio.
“Carregar a cruz” é uma frase antiga, muito usada, para simbolizar o sacrifício da própria vida. Jesus carregou a sua crua; entregou a sua vida por nós. Devemos nós também carregar nossa cruz, entregar nossa vida por ele.
Monsenhor José Ágius