Por Monsenhor José Ágius
De acordo com o evangelho escrito por São Lucas 19, 41-44, encontramos esta lamentação de Jesus a respeito da cidade de Jerusalém: “Oh! Se também tu, Jerusalém, conhecesses quem pode te trazer a paz!”.
Jerusalém é a figura de uma alma entregue ao pecado. Aproximando-se das portas da cidade e contemplando-lhe não só a imponência exterior mas também o interior cheio de injustiças e de imoralidades, Jesus fala-lhe amargamente e pronuncia aquela profecia sobre a destruição da cidade. Contudo, agora, mais que meditar nos males que recaíram sobre a pecadora e infiel cidade, o evangelho nos convida a que pensemos um pouco nas desventuras que sobrevêm `s alma infiel, que pelo pecado fica não só feia, mas totalmente arruinada; nada nela fica dos dons da graça que o Senhor tinha derramado, nada das virtudes, nada dos dons do Espírito Santo, Deus está ausente dela: seu temor e sua graça, sua bondade e seu amor.
A obra do Espírito, na alma cristã, é sempre construtiva e positiva. O Espírito Santo começa purificando a alma de todos os seus defeitos, dos pecados passados e seus resquícios e, tendo sido concluída essa primeira e imprescindível etapa da purificação, começa o Espírito a erguer o edifício das virtudes positivas, até poder desenvolver nessas almas a obra do amor.
E, quando no cristão, a virtude teologal do amor chega a transformar-se em raiz e explicação de toda a vida, quando tudo se faz não só com amor, mas sobretudo por amor, quando se busca não só ter ou sentir o amor, mas vive-lo e vive-lo em tudo e em todos, então a paz inunda nosso interior e ali na intimidade mais profunda do nosso ser escutamos a voz do nosso Pai que nos diz estar contente conosco, que se compraz em nós e em nossa vida.
É essa a “mensagem de paz” que o evangelho nos traz e assim também para nós se pode aplicar aquela lamentação de Jesus: “Se também tu conhecesses quem pode te trazer a paz”.
Monsenhor José Ágius