Maria Julia e Heloisa Castilho desenvolveram um plástico sustentável utilizando a bebida conhecida como kombucha e já ganharam até uma medalha de ouro por meio do projeto
Duas jovens pesquisadoras de Rolândia, Maria Julia de Santana e Heloisa Castilho Ferreira, estão ganhando destaque no cenário científico com um projeto pioneiro que promete transformar a percepção do plástico.
Com apenas 16 anos e cursando a 3ª Série do Ensino Médio do Colégio Roland, de Rolândia, elas desenvolveram um bioplástico sustentável utilizando a bebida kombucha. Sob o título “Scoby Recicle: a revolução do plástico sustentável utilizando kombucha”, o trabalho delas foi apresentado na 22ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) da USP, realizada de 18 a 22 de março, marcando a primeira participação de um projeto de Rolândia nesse importante evento nacional.
Entre mais de 3 mil projetos inscritos, 500 foram pré-selecionados e somente 200 foram convidados para a exposição. As estudantes participaram da feira com o orientador e professor de Química, Fernando Poppi, e com a diretora Aparecida Maroneze.
Maria Julia e Heloisa já tinham participado da Feira Interativa de Tecnologia e Ciências de Londrina e conquistado a medalha de ouro. Isso as credenciou a participar da Expo Nacional Milset Brasil, que ocorre de 27 a 31 de maio, em Fortaleza. Infelizmente, as alunas não devem participar da Milset, pois querem se dedicar aos estudos para o vestibular: Maria Julia que fazer Biomedicina enquanto Heloisa quer cursar Medicina.
De acordo com o professor Fernando Poppi, o projeto teve início no primeiro semestre de 2022, quando Maria Julia e Heloisa decidiram investigar a viabilidade de criar um plástico sustentável a partir da kombucha, uma bebida fermentada. “A motivação surgiu da urgência em encontrar alternativas ao plástico convencional, cujo uso desenfreado tem gerado graves impactos ambientais. Ao observar a formação da camada de celulose bacteriana durante o processo de fermentação da kombucha, elas viram o potencial desse material para substituir o plástico tradicional”, explicou o professor Fernando.
A celulose bacteriana é o componente-chave do bioplástico desenvolvido pelas alunas. Após o processo de fermentação da kombucha, a camada de celulose é isolada, purificada e secada, resultando em uma substância maleável que pode ser moldada em diferentes formatos, como copos e saquinhos para mudas de plantas. “Esse material, além de biodegradável, é rico em bactérias benéficas e nutrientes, o que o torna adequado para diversas aplicações, como a fabricação de copos e saquinhos para mudas de plantas”, afirmou a aluna Maria Julia.
Embora as estudantes estejam prestes a concluir o Ensino Médio e a se preparar para o vestibular, o projeto “Scoby Recicle” continua a despertar interesse e abrir portas para futuras pesquisas e aplicações. Prova disso, foi o apoio do LAPOL – Laboratório de Materiais Poliméricos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que realizou análises físico-químicas do bioplástico.
“Eles realizaram cinco análises para caracterização físico-química do bioplástico e foram esses resultados que, inclusive, auxiliaram-nos na definição das possibilidades de aplicação do bioplástico. Foram feitas análises de tensão e composição química para comprovar a presença de celulose”, pontuou Heloisa. “Além disso, foi realizada uma análise de absorção de água e, por isso, um professor nos procurou sugerindo um tecido com maior poder de absorção”, relembra o professor Fernando Poppi.
Aparecida Maroneze, a Cidinha, diretora do Colégio Roland, continua comemorando os resultados positivos da Iniciação Científica do colégio, que começou há cerca de seis anos. Para se ter uma ideia, no ano passado, o projeto “Agrofloresta – uma Alternativa Sustentável para a Produção de Alimentos Saudáveis, de Recuperação de Áreas Degradadas e de Educação Ambiental”, do aluno Francisco Erê Consani Steidle, esteve na Expo Science International, em Puebla, no México, considerada a 2ª maior Feira de Iniciação Científica do mundo.
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