Com 12 votos, Câmara de Londrina aprova proibição de crianças na Parada LGBTQIA+

  1. Home
  2. /
  3. Notícias
  4. /
  5. Cotidiano
  6. /
  7. Com 12 votos, Câmara...

Em primeira votação, 12 dos 13 vereadores presentes apoiaram o projeto de lei da vereadora Jessicão (PP)

FOTO: PARADA DE 2023/RÉGIS MOREIRA

Cecília França – Rede Lume

A Câmara de Vereadores de Londrina aprovou, nesta terça-feira (21), em primeira discussão, o Projeto de Lei 158/2023, que proíbe a participação de crianças e adolescentes na Parada Cultural LGBTQIA+, realizada anualmente no município. O descumprimento da determinação, de acordo com o texto, acarretará em multa de R$ 10 mil por hora de “indevida exposição da criança ou do adolescente ao ambiente impróprio”.

O PL de autoria da vereadora Jessicão (PP) teve voto favorável de 12 parlamentares – Beto Cambará, (PRD) Chavão (Republicanos), Deivid Wisley (Republicanos), Eduardo Tominaga (PP), Giovani Matos (PSD), Jairo Tamura (União), Jessicão, Mara Boca Aberta (Podemos), Madureira (PP), Nantes (PL), Sonia Gimenez (PSB) – e uma abstenção, da vereadora Lenir de Assis (PT).Os demais vereadores e vereadoras (Daniele Ziober, Emanoel Gomes, Lu Oliveira, Matheus Thum, Flavia Cabral, Roberto Fú e Santão) não votaram.

Nas entrevistas em que defendeu o PL, a autora classifica a Parada como um local de sexualização, consumo elevado de álcool e de drogas.

Como votaram os vereadores

Poliana Santos, integrante do Movimento Construção, organizador da Parada, diz que o evento reúne pessoas comprometidas com a diversidade e o respeito. Ela questiona a visibilidade dada pela Câmara, em tom de polêmica, quando aborda questões LGBTQIA+.

“É incrível como o Legislativo de Londrina é tão preocupado com a pauta LGBTQIA+. Nos surpreende os subterfúgios que são usados para sensbilizar a sociedade, de maneira a fazer como massa de manobra mesmo, para que essas pautas que são discutidas em relação à população LGBTQIA+ sempre tenha um alcance, enquanto Londrina sofre com grandes problemas de infraestrutura, saúde, segurança, lazer, cultura, mas que são discussões invisibilizadas ou minimizadas diante da pauta que envolve a população plural e diversa da nossa cidade.”

A última edição da Parada Cultural LGBTQIA+ de Londrina aconteceu em novembro de 2023 no Centro Social Urbano e teve como tema “Porque todes merecem viver sua verdade sem medo. Priorize e celebre a saúde mental LGBTI+”.

Após a primeira aprovação, o projeto pode receber emendas antes da segunda votação em plenário.

CMDCA diz que leis já existem

O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) foi chamado a se manifestar sobre o projeto, assim como outros órgãos e comissões. Conforme avaliação do CMDCA, já existem mecanismos legais para proteger as crianças e os adolescentes de todas as situações elencadas na justificativa do projeto de lei.

No que concerne à suposta prática de exposição do corpo e simulação de atos sexuais, o Código Penal em seu artigo 233 prevê que praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto, ou exposto ao público é proibido, com pena de detenção de três meses a um ano ou multa. O Código Penal também prevê o crime de intolerância religiosa em seu artigo 208, que prevê pena de detenção de um mês a um ano, ou multa, a quem “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”.

Com relação ao consumo de bebida alcoólica no evento, o conselho afirmou que em diversos outros locais frequentados por crianças e adolescentes, como shoppings e restaurantes, não existe vedação ao consumo de álcool na presença de crianças e adolescentes.

Ainda segundo o Conselho, a Parada defende a diversidade e busca maior representatividade para a população discriminada pelo preconceito e frequentemente vítima de homofobia, que foi equiparada ao crime de racismo, tornando-se inafiançável e imprescritível.

A Comissão de Justiça, Legislação e Redação manifestou-se favoravelmente ao projeto, por entender que alguns eventos no município tiveram a presença de crianças e adolescentes desacompanhados dos pais ou responsáveis (citam carnaval no Jardim Botânico e parada LGBTQIA+), nos quais foi constatado o uso de drogas “e apoio à sexualização de crianças e adolescentes”.

A Comissão de Defesa dos Direitos do Nascituro, da Criança, do Adolescente e da Juventude e a Comissão de Educação, Cultura, Desporto, e Lazer manifestaram-se favoravelmente ao projeto.

Em seu parecer, a Assessoria Jurídica da Câmara havia apontado que a proibição ou a imposição de restrições à participação de crianças e adolescentes em tais eventos pode implicar desrespeito à liberdade de expressão e de manifestação dos menores, mantidos sob a responsabilidade de seus respectivos genitores. Ainda conforme o parecer, mesmo que se alegue que os menores estiveram expostos a atos libidinosos ou imorais, a legislação vigente já prevê os mecanismos legais para protegê-los. Os atos que violem os direitos de crianças e adolescentes pode ser denunciado aos órgãos competentes, como o Conselho Tutelar, o Ministério Público ou a delegacia especializada.

(com informações da assessoria da CML)

Compartilhe:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

VEJA TAMBÉM:

Cotidiano

De vários tópicos, assuntos e pautas

Editorial – Edição: 1011 – sexta-feira, 04/04/25 Caro leitor e cara leitora A matéria principal desta edição trata do ensino do português para os migrantes

Cotidiano

ACIR lança seu Show de Prêmios

Campanha, que começa no dia 07 de abril, terá premiações em todas as ações do ano e todas as lojas participantes terão ganhadores No próximo