Adriane Arantes aceitou o desafio de trabalhar em um time no Kuwait e contou ao JR como está sendo essa experiência
A londrinense Adriane Arante (40), uma dedicada profissional apaixonada pelo esporte, está fazendo história no Kuwait como preparadora de goleiras e auxiliar-técnica do Al Oyoun Women’s Sport Club, um dos principais clubes de futebol e de futsal feminino do país árabe.
Em julho de 2023, Adriane aceitou o convite de ir para o Kuwait e compartilhou como foi esse momento. “Eu recebi o convite quando ainda era coordenadora da Escolinha do Londrina, gerenciando tudo até o sub-15. Fui vista trabalhando em uma competição por um rapaz que também trabalhava no Londrina, que me indicou. Foi tudo muito rápido: tirei passaporte, organizei tudo e, em pouco tempo, já estava aqui. Cheguei como preparadora de goleiras e agora sou auxiliar-técnica, com contrato renovado até 2025”, explicou a esportista.
Adriane explicou que ela trabalha com a treinadora brasileira Scheila Heffel. Ambas foram contratadas para cuidar do departamento de futebol e futsal do clube, abrangendo as categorias de base e o time principal. Elas moram em um apartamento fornecido pelo clube, que também disponibiliza um motorista para levá-las aos treinamentos e trazê-las de volta. Atualmente, o Al Oyoun (que significa Menia dos Olhos) fica na cidade de Salmya.
No início, Adriane enfrentou dificuldades, pois nunca tinha estudado inglês, que é o principal idioma de comunicação no clube. Embora algumas jogadoras falem apenas árabe, a maioria já sabe inglês. Com o tempo e estudo, a profissional conseguiu melhorar significativamente seu inglês e agora se comunica bem melhor. “Foi um pouco complicado no início, mas a linguagem do futebol é universal, então a gente consegue se comunicar por esse meio”, comentou Adriane.
O país é, sem dúvida, um local com tradições rígidas e desafios culturais significativos para as mulheres, se comparado ao Brasil. “Aqui é difícil manter nossas redes sociais atualizadas porque não podemos postar muita coisa, como treinamentos e atividades. Só podemos publicar fotos liberadas pelo clube devido à privacidade das meninas que cobrem o rosto e outras que cobrem o cabelo. Então, essa questão de fotos é tratada com muito cuidado e critério”, revelou.
A auxiliar-técnica também comenta sobre outros desafios culturais. “O clube é muito tradicional em relação aos costumes islâmicos, o que significa que preferem contratar mulheres para funções como a minha. Caso contrário, as jogadoras teriam que treinar com hijab e não poderiam usar calções,” explica Adriane.
Um pouco de sua história
Natural de Ribeirão Preto, com raízes em Londrina, Adriane que hoje transformou sua paixão pelo futebol em uma carreira de sucesso desde cedo visualizava no futebol uma forma de inclusão e suporte. Após perder sua mãe, Irani Felis Arantes, aos cinco anos de idade, ela foi criada pelo pai Ademil, com seu irmão Junior e pela sua avó Luiza, e se destacou no esporte, jogando por vários clubes em Londrina, Rolândia, Maringá, Cambé, Foz do Iguaçu, no interior de São Paulo e outras equipes por todo o Brasil.
Formada em Educação Física, Adriane se especializou na preparação de goleiros e agora, atuando no time do Kuwait, afirma que tem participado de campeonatos importantes. “O mais significativo foi a Liga Nacional de Futebol de Campo, na qual nossa equipe sub-23 conquistou o segundo lugar, com destaque para a goleira treinada por mim, que foi eleita a melhor da competição”, pontuou, orgulhosa.
O Al Oyoun está preparando a categoria juvenil para disputar torneios regionais durante o intervalo das competições principais. Com o contrato para continuar até 2025, a profissional brasileira vem demonstrando dia após dia que, com determinação e paixão, é possível romper barreiras e conquistar novos horizontes no esporte.