Setembro foi o mês dedicado à prevenção do suicídio. Apesar do tema ainda ser considerado como tabu, muito precisa ser dito a respeito do suicídio. Os dados estatísticos são alarmantes. Todos os anos são registrados cerca de dez mil suicídios no Brasil e mais de um milhão em todo o mundo. As taxas de suicídio têm aumentado globalmente. No mundo, a cada 40 seg., uma pessoa comete suicídio – a cada 3 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. O suicídio é a 3ª maior causa de morte entre os jovens. Portanto, precisamos falar sobre o assunto!
O suicídio é um fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, em todas as culturas. É considerado um comportamento com determinantes multifatoriais, resultado de complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais.
O comportamento suicida abrange desde o desejo de sumir, de morrer, passando pelo planejamento até chegar ao ato em si.
Mas a boa notícia é que é possível tomar medidas para prevenir o suicídio, se conseguirmos intervir nos primeiros sinais deste comportamento.
Ser portador de doença mental é um dos principais fatores de risco para o suicídio. Mais de 90% dos casos de suicídio ocorreram em pessoas com transtornos psiquiátricos, como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, dependências químicas, etc. É fundamental que as pessoas se informem e que o preconceito em torno da doença mental seja desconstruído, para que mais gente tenha acesso ao tratamento adequado.
É muito comum que os sinais de risco sejam ignorados ou minimizados por quem está próximo. É frequente a crença de que quem fala em suicídio não vai de fato tentar se matar, ou que está querendo apenas “chamar atenção”. Isso é um mito, a maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte, que não podem ser desprezadas. Sabe-se que pacientes que tentaram suicídio uma vez tem 5 a 6 vezes mais chances de tentar novamente.
Precisamos falar sobre suicídio, falar não aumenta o risco, pelo contrário! Falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem, e apenas o fato de escutar e acolher já pode ser uma grande ajuda.
Se você ou alguém próximo a você tem apresentado isolamento, perda de esperança, ideias ou falas sobre morte, não hesite em procurar ajuda. Não esconda ou ignore o problema. Procure um serviço de saúde, e fale sobre isso! Há profissionais habilitados para escutar, entender e encaminhar para o tratamento especializado. Vamos lutar contra o preconceito, vamos salvar vidas!
Isabella Gouveia é médica psquiatra e atende na Otocentro (Willie Davids 390, sala 25)