Por Samuel M. Bertoco
Nesta semana Tim Maia completaria 80 anos de idade. Nascido em 42, um ano que nos entregou, além dele, Caetano, Milton Nascimento, Gilberto GIl e outros oitentões. Ele não chegou lá, em 1998 morreu de uma infecção generalizada causada pelos hábitos de uma vida de excessos. Mas sua obra não só é impecável como deve ficar aí pelos próximos mil anos como uma das maiores do país.
Apesar de ter nascido no mesmo ano de alguns mestres da MPB, foi em outros brothers que Tim começou a trilhar seu caminho musical – ou não. Tim era vizinho e amigo – numa história já um milhão de vezes contada – de Erasmo e Roberto Carlos. Cresceram marromeno juntos e compartilhavam o gosto pela música. Só que com 17 anos foi pros EUA e, quando voltou, os amigos eram os reis da Jovem Guarda e ele, um Zé Ninguém.
Apesar dessa passagem ser marcante e frustrante pro próprio Síndico, foi na América que Tim teve contato com o Soul e Funk que tanto marcaram suas canções. Ou seja, nos deu o Tim Maia que conhecemos e o resto é história.
Tim Maia ainda é o que de melhor e mais próximo que temos dos melhores souls e funks setentistas americanos. E fez melhor, misturando-os genialmente com ritmos brasileiros como baião e samba. Sua voz e seu jeito de cantar é tão marcante que mesmo músicas que não são composições dele, como Gostava Tanto de Você, Descobridor dos Sete Mares e Me Dê Motivo, foram totalmente apropriadas ao seu timbre único.
Seu fim de vida não foi menos produtivo, mas a saúde e o fôlego já não eram os mesmos, e a fama de não aparecer nos shows – e quando aparecia atrasava e reclamava de tudo – deu um ar um pouco melancólico na vida de um cara que era nada disso.
Tim Maia não foi só genial, foi diferente, foi único em personalidade e musicalidade. Foi cedo, mas deixou muito.
Samuel M. Bertoco é formado em Marketing e Publicidade