Por Samuel M. Bertoco
Barbie é a boneca mais famosa do mundo. Possivelmente o brinquedo mais famoso do mundo e com certeza está entre as marcas mais lembradas do mundo. Mas, diferente de outras marcas e brinquedos similares, raramente vemos a loirinha fora de seu universo. Não tem gibi, não é de ter muitos desenhos – nenhum grande sucesso – e jamais havia tido um filme…até agora. O que faz com que, mesmo se fosse um filme padrãozinho – que não é – seria um tiro, no mínimo, arriscado. Mas acertou em cheio.
Antes de falar de algumas polêmicas vamos falar do óbvio, é um filmaço. É divertido ao mesmo tempo que é profundo, é absurdo e debochado, inclusive consigo mesmo; além de ser extremamente bem produzido e bem atuado. Margot Robbie dá show como a “Barbie Esteriotipada”, mas Ryan Gosling simplesmente rouba tudo que tem em volta de cena com seu Ken.
Sobre os mimimi por aí, principalmente de que o filme é exageradamente feminista e subjuga os homens a uma condição de inferioridade – pff, cada uma – tudo besteira. É claro que o filme bate forte no sexismo, mas bate forte em muitas outras coisas, inclusive – em uma cena inacreditavelmente bem escrita – nesse mimimi de problematizar tudo, tudo virar uma bandeira e de que a as pessoas não conseguem simplesmente serem simples e medianas e viver suas vidas sem se preocupar se está agradando um ou desagradando outro.
Barbie – o filme – debocha de tudo, e debocha muito da própria Mattel – criadora da boneca. Sem dar muito spoiler, a trama começa quando essa Barbie – são muitas na Barbilândia – começa a dar defeito e ela e Ken acabam indo pro mundo real, que é …diferente do que ela imaginava. Apesar de ser aqui onde os “alfinetes” batem mais forte no sexismo e corporativismo e apesar da jornada do Ken no mundo real ser ótima, essa é a parte mais fraca do filme. Tudo funciona melhor no absurdo da Barbilândia, talvez porque seja mais fácil pra sociedade aceitar uns tapas na cara quando tudo está exageradamente colorido. Mas, se até a dona da marca não ficou de mimimi, não tem porque a gente não passar duas horinhas assistindo um ótimo filme – e tomando algumas cutucadas.
Samuel M. Bertoco é formado em Marketing e Publicidade