Por Samuel M. Bertoco
Isso é muito Black Mirror! Essa foi uma frase que, desde a primeira temporada da série, caiu na boca da galera pra exemplificar algo bizarro, com alguma tecnologia estranha e com uma moral impactante. Agora, com a chegada da sexta temporada do seriado, a gente percebeu que, o que não é mais “muito Black Mirror” tá sendo a própria Black Mirror.
Com episódios mais lineares e com muito menos tecnologias do que nas temporadas anteriores, a temporada não é ruim – como foi a quinta, terrível – mas não capta aquele espírito que tanto pegou na gente quando foi lançada, com questionamentos pesados sobre o uso de tecnologias e o impacto extrapolado que elas trazem em nossa vida.
Joan is Lawful é o ep que abre a série, e tem um pouco de tudo que já vimos em Black Mirror, mas um pouco mais pasteurizado e sem impacto. Joan vê sua vida transformada em uma série de tv em tempo real – porque assinou sem saber os termos e condições que tantos clicamos sem ler – e daí a coisa vai. É um episódio médio do início ao fim.
Loch Henry levanta uma questão bem atual sobre como as séries “true crimes”, que revisitam crimes que aconteceram, cada vez mais recente, tem impacto sobre a vida das pessoas envolvidas. Apesar de um plot twist no final meio forçado, é um ótimo episódio de suspense, mas que nada tem de Black Mirror.
Já Beyond the Sea traz de volta a estranheza comum à série, onde dois astronautas numa nave tem robôs cópias deles vivendo na Terra enquanto cumprem sua missão. Um episódio com altos e baixos, que vale mais pelas atuações do elenco estrelado, como Aaron Paul e Josh Harnnet.
Mazey Day é tão ruim que não vale a pena falar. Demon 79 é o capítulo que mais foge da tecnologia, trazendo uma mulher que, sem querer, desperta um demônio e é obrigada a matar três pessoas pro mundo não acabar. Uma horinha que passa rápido num ep ótimo de se ver. Mas, mais uma vez longe do tema que consagrou a série. Será que não ser um Black Mirror é ser muito Black Mirror?
Samuel M. Bertoco é formado em Marketing e Publicidade