Ciranda, cirandinha, vamos todos já pensar

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Sobrelinhas – por Carla Kühlewein

Imagine só a cena: Uma menininha bem simpática com o braço estendido, a palma da mão aberta suspensa acima da cabeça, sorriso largo no rosto, cantando para os colegas da escola na hora do recreio:

“Quem quer brincar de pensar põe o dedo aqui, que já vai fechar!”. Bem, se você se imaginou pondo o dedo na palma da mão dela, provavelmente consiga se imaginar também folheando um livro como o da Marcia, ‘Filosofia brincante’. Um livro com muitas, muitas imagens (um viva ao ilustrador Fernando Chuí!) e uma menina bonitinha apontando pra sua direção, perguntando: “Ei, quem é você? Por que você tá me olhando?”.

Só mesmo a Marcia e o Chuí pra terem uma ideia dessas! O livro é todo interativo, traz uma personagem que dialoga com o leitor e tenta, o tempo todo, instigá-lo a exercitar a desafiadora tarefa de pensar. Vai texto, vem ilustração. Vem ilustração, vai texto. E a leitura de ‘Filosofia brincante’ vai fluindo… parecida com a dos gibis, com imagens que dialogam com o texto escrito e vice-versa. Dessa forma a personagem simpática vai apresentando umas ideias assim:
“Se existe dentro e fora e fora eu também existo… pode ser que quando eu vejo eu também possa ser visto!”
E assim:
“Às vezes a única coisa que a gente precisa pra entender e se divertir é prestar atenção.”
E assim:
“Pensar é uma brincadeira cheia de surpresas. Eu posso me jogar numa ideia… mas quem cai é você!”

O livro nos mostra o quanto filosofar pode ser divertido (e muito!). Ele não é uma história, não é um poema, nem sequer receita de felicidade ou cena da vida real. É desses livros que a gente lê de trás pra frente, de um lado para o outro e sempre encontra sentido no que lê.

Por sorte, na era da cópia, do plágio, da imitação, há quem opte por caminhar na contramão e dedique-se a criar algo genuinamente diferente. Assim, de mãos dadas com a Marcia e o Chuí, quem quiser brincar de pensar, entre na roda e siga a canção:
Ciranda, cirandinha, vamos todos já pensar
Vamos dar a viravolta, a viravolta vamos dar

Carla Kühlewein é graduada em Letras Vernáculas e Clássicas (UEL), Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada (Unesp) e Doutora em Literatura e Vida Social (Unesp).

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Carla Kühlewein

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