Eduardo e Mônica

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Por Samuel M. Bertoco

Todo mundo que gosta de Legião Urbana já imaginou algumas de suas músicas como um filme. Duas são clássicas, Faroeste Caboclo e Eduardo e Mônica. Uns anos atrás rolou uma tentativa com a primeira. Foi bem ruim. Faroeste é uma história de vida contada em uma música de dez minutos. Como tal, há muitas e muitas lacunas. Na música preencher as lacunas da vida de João cabe a imaginação. No audiovisual essas lacunas tem que ser preenchidas com cenas, e praticamente todas essas cenas que “não estavam na música” foram péssimas. Talvez Faroeste merecesse uma série, não um filme, e que fosse levemente baseado na música e não uma tentativa de transcrever pra tela o que a gente ouvia.

Eis que o mesmo diretor pega Eduardo e Mônica, outro sucesso da Legião, outra história que imaginamos na tela. Mas essa música é outro bicho. É uma historinha clichê de pessoas diferentes que se apaixonam, que de atípico – e que hoje nem é mais – somente o fato de Mônica ser mais velha.

Com uma mão sensível, o diretor segue pelo menos caminho onde acertou em Faroeste – as passagens que já existem nas músicas – e muda a abordagem onde ele tem que “inventar” o que aconteceu, agora indo pelo seguro clichês das comedinhas românticas. O resultado é um super acerto, tudo aquilo que imaginávamos do pacato Eduardo e da livre Mônica está lá.

É claro que uma música que coloca uma garota de seus vinte cinco anos namorando um cara de dezessete como algo estranho ao mundo atual. Quase sexista. Mas a coisa desenrola com tanto carinho na produção e no roteiro que isso passa longe de ser um problema. O fato de Alice Braga (Mônica) e Sérgio Leone (Edu) serem muito mais velhos na vida real também não chega a incomodar uma geração que passou a vida vendo marmanjos e marmanjas fingindo serem estudantes colegiais em Malhação.

O filme é um conjunto de acertos – direção, roteiro, atuações, produção – que faz jus ao legado de Renato, que tem músicas que já foram tão judiadas no audiovisual que pareciam ter desistido de tentar. Mas, não existe razão no filme feito com o coração.

Samuel M. Bertoco é formado em Marketing e Publicidade

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Samuel Bertoco

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