Sobrelinhas – por Carla Kühlewein
A cena é cotidiana: o telefone toca e alguém atende. Mas… e se esse “alguém” for assim um tanto atrapalhado? Esse é o Tato, personagem central do livro infantil TRIM!, publicado em 2013 por esta que vos escreve e a amiga Andreia Lopes Zanutto Salviato.
Mais divertido do que publicar um livro é criá-lo. Sem dúvida, tivemos acessos de riso enquanto imaginávamos o pobrezinho enfrentando as dificuldades mais ridículas para conseguir executar a pífia missão de atender ao telefone. Entre uma tentativa e outra, criamos uma espécie de refrão: “Eta que trabalheira! Eta que entrave! Eta que tristeza!”.
Cada entrave traz consigo sua dose de humor. A de trajetória de Tato é cômica por dois motivos: primeiro pelo trava-línguas em todo o texto que brinca com as várias combinações das letras T e R; segundo pelo ridículo da situação: como assim um rapazote cheio de energia não consegue executar uma tarefa tão simples?
Como se não bastasse o constrangimento, aparece a tal tia do Tato (“Ela tem sempre que abrir a matraca”) e pergunta: “De quem se trata, Tato?”. Cá entre nós, nunca ecoou em seus ouvidos uma perguntinha capciosa questionando sobre sua morosidade em resolver esta ou aquela questão?
A saga de Tato remete à batalha que travamos com a tecnologia, nossa fiel e impiedosa companheira, uma espécie de vilã necessária dos tempos modernos. Na correria nossa de cada dia, tentamos desesperadamente acompanhá-la, mas não seria mais sensato se fosse o contrário?
A bem da verdade, somos uma legião de Tatos a correr freneticamente atrás dos sons da vida moderna, e acabamos sucumbindo a eles. Não se vive mais sem o telefone, o computador, o celular, o GPS ou qualquer outra invenção que reduza distâncias e agilize a vida humana. Enfim, a humanidade tornou-se refém do Trim, Do Click, do Enter, do Download, do Delet…
Cá entre nós, tem horas que os entraves da tecnologia dão uma trabalheira e tanto… eta que tristeza!
PS: Interessados em comprar o livro, entrem em contato pelo e-mail [email protected].
Carla Kühlewein É graduada em Letras Vernáculas e Clássicas (UEL), Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada (Unesp) e Doutora em Literatura e Vida Social (Unesp).