Por Carla Kühlewein
Só é possível filosofar em alemão, já diz o ditado. Há controvérsias! Quando o assunto é refletir, um “certo” brasileirinho, alegre, galanteador, esperto e subversivo (tanto que usa uma panela na cabeça) pode bem integrar a lista de grandes pensadores da humanidade.
Fruto da criação fértil do mineiro Ziraldo, o Menino Maluquinho é um de seus personagens mais conhecidos, talvez pela receita bem nacional: duas colheres de alegria e uma pitadinha de jeitim brasileiro.
Como qualquer garoto, ele enfrenta dificuldades na vida. No livro que dá origem a uma série de outros produtos (incluindo filmes), seu desafio é encarar a separação dos pais. E não é que até para isso ele dá um jeitim? Confira a Teoria dos Lados inventada pelo Maluquinho:
“Todo lado tem seu lado
Eu sou o meu próprio lado
E posso viver ao lado
Do seu lado, que era meu. “
Só mesmo um “maluquim” pra inventar uma teoria dessas!
Com bom humor, inteligência e uma dose extra de arte (afinal, ele escreveu um poema, certo?), o menino consegue lidar com o fato de os pais se divorciarem. Pois é, ainda há quem transforme desilusão em arte. Mesmo quando as manchetes de todo o país publicam o inimaginável e a humanidade se pergunte em que momento da História ela se perdeu…
No final das contas, o jeitim do menino de Ziraldo alcançou um resultado bastante promissor, pois assim se encerra o livro:
“E aí, o tempo passou.
E, como todo mundo, o Menino Maluquinho cresceu.
Cresceu e virou um cara legal!”
Há milhares de pessoas legais por aí. Vai ver o segredo delas é ter coragem suficiente pra lidar com os problemas de frente e transformá-los em arte (ou em qualquer outra coisa maravilhosamente boa). Afinal, de jeitim maluquim todo mundo tem um pouquim!
Carla Kühlewein É graduada em Letras Vernáculas e Clássicas (UEL), Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada (Unesp) e Doutora em Literatura e Vida Social (Unesp).