Por Monsenhor José Ágius
Negar-se a si mesmo quer dizer “não” às exigências do eu, isto é, fazer desaparecer o eu, destruir o eu, para que se possa ver Cristo em nós. Negar-se a si mesmo é o mesmo também que “renunciar-se a si mesmo” e às exigências do eu. E essa renúncia nós a fazemos em nosso Batismo, ao renunciar a Satanás, às suas pompas e às suas obras. Finalmente, voltamos a renunciar a nós mesmos em nossa consagração ao Senhor, quando nos comprometemos com ele a viver o Evangelho em toda a plenitude.
Porém, não basta fazer essa consagração, mas é preciso vivê-la; não basta ser “sinal”, é necessário que o sinal corresponda à realidade. Essa negação de si mesmo é necessária a todo cristão, a toda cristã. Em outras palavras, o mesmo caminho de renúncia a si mesmo, de sofrimento e de morte, que o Mestre seguiu, deve ser percorrido por todo aquele que pretende ser seus discípulo. Esse caminho é que assegura a verdadeira vida, a vida eterna.
Existe uma segunda expressão: “carregar a cruz”. Os primeiros cristãos tinham-na configurado no seguimento ao Mestre, que cumpriu sua missão redentora carregando a cruz até o Calvário. O evangelista São Lucas, à expressão “tomar a cruz”, acrescenta que isso deve ser feito “cada dia”. E não deixa e ser uma grande verdade: cada dia devemos tomar a cruz sobre nossos ombros; cada dia tem sua própria cruz; cada dia a cruz apresenta suas próprias arestas; e tudo isso deve ser aceito cada dia, com renovada generosidade de entrega ao amor do Senhor.
E se o amor se reconhece na cruz e purifica-se na cruz, a aceitação diária da cruz será a renovação diária do amor. Será dizer ao Senhor, cada dia e talvez a cada hora: Senhor, conto contigo e tu podes contar comigo.
Fonte:
Evangelho meditado para cada dia
Alfonso Milagro