Por Humberto Xavier Rodrigues
Porque assim diz o SENHOR Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranqüilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes. Isaías 15:30
O homem atual, muito mais do que em outras épocas, não é dono de sua própria vida. Vive correndo contra o relógio e arrastado pela avalanche do consumismo compulsivo. Além disto, sabe muito bem usar o arsenal tecnológico de comunicação disponibilizado pela ciência, para tentar preencher o vazio existencial com coisas.
Por isso, precisamos buscar diligentemente a quietude do espírito se quisermos ter uma vida significativa enquanto peregrinos aqui na terra. Sêneca, velho filósofo e dramaturgo, há muitos séculos dizia que, quando saía com os intelectuais ou se fazia acompanhar dos dramaturgos, voltava para casa exausto e terrivelmente rouco.
Às vezes temos a mesma experiência quando estamos com as pessoas; falamos… falamos… e falamos, somos compulsivos no falar. Com certeza precisamos do toque da graça de Deus para ficarmos em silêncio em muitas circunstâncias. “ Quanta coisa evitaríamos se ficássemos calados”!
Relata-se que Domingo de Guzmán visitou Francisco de Assis e que, no transcorrer do encontro, nenhum dos dois falou uma palavra sequer. Somente depois de aprender a ficar verdadeiramente quietos é que seremos capazes de falar ao mundo.
Catherine de Haeck Doherty escreve: “Tudo em mim está silencioso … estou imersa no silêncio de Deus.” É no descanso que experimentamos o “silêncio de Deus”, e no silêncio de Deus ouviremos a Sua voz. Descanso em que, o espírito está pronto para ouvir Deus e estabelecer comunhão com Ele.
Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. Mateus 6:6.
É muito importante que tenhamos a consciência da presença de Jesus – que Ele nos vê e nos ouve. Aquietar e permanecer em silêncio diante de Deus é ter a capacidade de “ver” e ouvir. Há, sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo, por esta razão, precisamos nos aquietar em Sua presença para discernirmos de onde vem aquela voz.
O silêncio pode ser sinônimo do que João da Cruz chamou de “noite escura da alma”. Segundo ele, a noite escura (as aflições do dia a dia ) tem como propósito nos levar a experimentar os cuidados de Deus e o quanto Ele nos ama.
Amém!
Humberto Xavier Rodrigues é formado em Teologia.