Sobrelinhas – por Bianca Maysa Borges
E se todas as vezes que sonhássemos ou desejássemos muito alguma coisa, fôssemos engolidos por um mar de medos? Continuaríamos a sonhar ou deixaríamos tudo desaparecer no horizonte?
Imagine que um pré-adolescente, sonhando em conquistar os mares e desvendar o mundo, sempre com o apoio de sua família, depara-se com uma oportunidade assim… Porém, isso gera nele anseios que se tornam seus piores pesadelos. Como isso é possível? Tudo é possível aos olhos de Rosa Morena, autora do livro ‘Pedro, o menino do mar’, ilustrado pelo olhar sensível de Leimisson Casimiro.
Uma narrativa intrigante e cheia de emoção, é também um deleite aos olhos. A paleta de cores selecionada para o projeto gráfico do livro e as ilustrações estabelecem um harmonioso contraste a cada página, representando sentimentos, como a angústia: o fundo do texto aparece em tom mais escuro, mesclado entre azul e cinza. Já nos momentos de felicidade, a emoção fica por conta de tons alegres, como azul claro e amarelo.
Na história, tudo acontece em um dia como qualquer outro, quando Pedro e seu pai saem para velejar. O garoto sente a liberdade como uma brisa forte, tendo a lua como sua companheira, assim vê seus maiores desejos passarem como um filme nos pensamentos: “Pedro entendeu o que era liberdade, naquele mar infinito, na companhia da lua que parecia vir se banhar bem juntinho à embarcação.”
Como toda mudança pode acontecer em fração de segundos, não foi diferente com Pedro…num instante viu seus sonhos se afundarem junto com o barco em que estava com seu pai. Mas o que aconteceu com eles? A resposta você descobre no livro, confere lá!
O livro de Morena e Casimiro está longe de ser mais uma história de pescador… é um convite a contemplar a vida com outros olhares. No fim das contas, o que o mar levou de Pedro é o mesmo que leva de nós: os sonhos. Afinal, depois de uma onda forte, não é fácil lidar com o que fica…
Bianca Maysa Borges é graduanda do Curso de Letras Português da Unespar de Apucarana