Por Samuel M. Bertoco

O Urso surgiu como um foguete, teve uma primeira temporada brilhante e uma segunda ainda melhor. Na terceira a coisa deu uma pegada, não que tenha sido ruim, longe disso, mas já dava sinais de que a fórmula não seria eterna. Os próprios produtores entenderam isso, e anunciaram que ela teria, no máximo, 5 anos – só acredito vendo, mas falaram.
A verdade é que a trama do cozinheiro genial e caótico e seu restaurante mais caótico ainda é espetacular e emocional, mas suga a gente; cansa, não cansa de assistir, parece que cansa mentalmente acompanhar a bagunça emocional que é o restaurante e seus personagens. Então é isso, cinco aninhos e está bom, e estamos no quarto.
Enquanto a terceira temporada focou em várias tramas paralelas, muitos cortes rápidos e episódios inovadores, o quarto ano foi mais simples e sentimental. Focou nos personagens, na cooperação entre eles e no que sentiam e expressavam – ou não.
Deu certo. Apesar de basicamente não evoluir a história e não ter nenhuma reviravolta os capítulos passam rápido e nos vemos as vezes completamente envolvidos por situações que eram pra ser só rotineiras – a série é toda sobre isso, fazer cada minuto de uma vida relativamente normal uma montanha russa de emoção.
Os atores estão especialmente ótimos, e a direção trabalhou inúmeros takes totalmente em close, onde vemos cada detalhe da expressão de algum ator em um momento crítico – ou não – do personagem.
Tem, como já é de praxe, o episódio que junta todo mundo, e novamente é um show a parte, já candidato a prêmios, assim como já chuto que Jamie Lee Curtis já pode preparar o discurso pra mais um Emmyzinho de participação especial.
Mas essa sacada de não evoluir a trama em troca de só “sentirmos” os personagens, tem seu prazo, não dá pra repetir.
Especial, mas, de novo, a gente termina exausto – como era pra ser – que venha a quinta e, pelo bem de um show ótimo que não precisa ser esticado, a última temporada.
Samuel M. Bertoco é formado em Marketing e Publicidade



