Sobrelinhas: por Vitoria Kelly de Melo Lima
Quem nunca se irritou com uma mosca voando e pousando? Já se perguntou por qual motivo ela faz isso? Teria ela a intenção de “encher a paciência” ou seria apenas um voo corriqueiro? Pois é, mas nem só os humanos sofrem com essa amolação…
No livro da Sylvia Orthof, ‘A vaca Mimosa e a Mosca Zenilda’, até o reino animal se incomoda com o zum-zum inconveniente. Publicado em 1981 e vencedor do Prêmio Jabuti de 1983, o livro conta com as ilustrações divertias de Gê Orthof, com texto recheado de zunidos da mosquinha e badaladas da vaquinha: “a vaca Mimosa com suas pernas de vaca passeava no caminho da roça, rodeada de muito capim. Ela possui um sino, tlim-tlim, belelém! Ah! Como adorava ele. No meio deste mato, Zenilda mora no sapato, mas ao ver tal beleza ela resolve junto dela ficar”.
Tudo começa com a Zenilda rodeando a Mimosa que fica irritada e “gira rodando, querendo, com a ponta do rabo, espantar Zenilda, a mosca chatilda”. Por várias vezes a vaca tenta se livrar do incômodo até que decide abocanhar a chatilda. Por essa nem a Zenilda esperava… será que ela se safou dessa? Só mesmo lendo o livro pra descobrir! Digamos que a mosca encontrou uma saída bem incomum… e se você pensa que os zunidos pararam, ledo engano… com tanta energia, a solução que Zenilda encontra é mirabolante (ao ponto de provocar uma verdadeira tempestade no intestino da vaca).
O livro dos Orthof promete boas risadas com as petulâncias de uma “amiga” que, apesar de inconveniente, mostra que certa dose de persistência nunca é demais quando o assunto é lidar com os desafios da vida de maneira singular, criativa e (por que não?) divertida.
No fim das contas, tudo é possível desde que quem incomoda não se incomode e vice-versa! Afinal nem Mimosa se acomodou com os atrevimentos da mosca nem Zenilda desistiu de incomodar a vaca. Cada qual com seu jeitinho assume seu papel diante da vida. Resta-nos escolher se estamos mais para Mimosa, que supera desafios com engenho, ou para Zenilda, que é persistente nas escolhas.
Vitoria Kelly de Melo Lima é graduanda em Letras Português pela Unespar (Apucarana)