Samuel Bertoco
Faleceu na última semana um dos maiores atores da história de nossa dramaturgia. Tarcísio Meira era, junto com mais uns dez, parte do time de atores que formou gerações, serviu de inspiração para inúmeros jovens atores e imprimiu seu talento – quase – sempre que esteve diante das telas. Uma perda. Vamos lembrar alguns papéis marcantes.
João Coragem (Irmãos Coragem): Tarcísio já tinha uma carreira estabelecida – ele foi o primeiro protagonista da primeira novela da TV Brasileira – quando fez Irmãos Coragem. Mas foi a partir daí que se firmou como um galã e um galã muito bom ator em uma novela que mudou os padrões das produções da época, com alto investimento, muitas tomadas externas e uma trama mais complexa do que vinha rolando até então.
Aprígio (O Beijo No Asfalto): Tarcísio era o antagonista na adaptação para o cinema de uma das peças mais clássicas de Nelson Rodrigues. O filme fez tanto sucesso quanto a peça, mas claro, ficou marcado pela cena do tal beijo, protagonizado por Ney Latorraca.
Felipe (Guerra dos Sexos): Apesar dessa novela ter imortalizado Fernanda Montenegro e Paulo Autran como gênios da atuação, havia muita gente muito boa nessa que foi uma das mais memoráveis novelas já feitas. Tarcísio fazia o filho de Fernanda, mas se alia ao rival do time dos homens para derruba-la de sua empresa.
Dom Jerônimo (A Muralha): Acho que esse foi o vilão mais vilão da carreira do ator. Na pele de um nobre que, como era comum na época, tinha um discurso religioso, temente a Deus e protetor a família, mas que dentro de casa abusava e espancava sua esposa Ana. Um papel pesadíssimo em uma série pesadíssima, uma atuação espetacular que rendeu prêmio da APCA.
Giuseppe Berdinazzi (Rei do Gado): O grande rival do pai do protagonista – Bruno Mezzenga – desempenhou na pele do fazendeiro talvez a maior participação especial da história da TV – ele só fez alguns episódios, porque a história deu salto temporal. Alias essa novela foi um show de atuação, ou melhor, um show de tudo mesmo. Um marco. A novela passou em 96, eu tinha 12 e mesmo assim é inesquecível em minha memória a cena de quando ele descobre que iria ser avô do filho que deserdou.