Por Samuel M. Bertoco
O Homem-Morcego é o super-herói mais adaptado pras telas que existe. Algumas deram muito certo – trilogia de Nolan – outras são ridículas de tão ruins, como a versão de Ben Affleck, ou a de George Clooney. Cada ator/diretor que deu vida ao herói teve sua visão específica de como ele seria. Tim Burton colocou toda sua estranheza e seu visual gótico e bizarro no filme que, na década de 90, revolucionou o morcegão. Já Christopher Nolan fez de Batman um ninja com algo de militar. Todos tiveram seus erros e acertos – menos o do Ben Affleck/Zack Snyder, esse foram só erros mesmo – mas nenhum chegou tão perto do que seria a personalidade de um homem quebrado e traumatizado quanto a nova versão escrita por Matt Reeves e personalizada muitíssimo bem por Robert Pattisson – ele mesmo, o vampiro Edward de Crepúsculo.
O filme, em si, é muito, muito bom. O vilão da vez – Charada, muito bem vivido por Paul Dano – é um serial killer que está matando pessoas famosas, e aparentemente corruptas, de Gothan, deixando jogos e – rá – charadas nas cenas dos crimes. É o Batman detetive que há muito os fãs pedem. Todos os coadjuvantes tem sua importância e criam o universo de Gothan de uma forma muito bem embasada para prováveis novos filmes – Mulher Gato, Pinguim, Gordon, os mafiosos, o Asilo Arkhan…estão todos lá bem representados.
Mas não tem jeito, o que salta aos olhos, o que marca, é o Batman; essa versão perturbada de Batman que nunca consegue ser, de verdade, Bruce Wayne. Um cara que viu seus pais serem mortos e foi traumatizado a ponto de se vestir de morcego e sair dando porrada em bandido na rua não pode ser um playboy gente boa quando está sem o uniforme – e raramente está, até em cenas em que ele poderia estar despido do morcegão, ele mantém a máscara, propositalmente marcando como essa pessoa prefere não ser Bruce Wayne.
Uma ótima renovada no herói depois de apanhar tanto nas mãos terríveis de Affleck/Snyder e um início promissor para uma nova franquia. Seguramente a melhor versão de Batman que temos, ainda que não seja o melhor filme do Batman já feito.
Samuel M. Bertoco é formado em Marketing e Publicidade