Por Samuel M. Bertoco
The Boys prometeu nesse novo ano ultrapassar todos os limites – que já eram bem elásticos. Até fez, mas pipocou também.
No novo ano, os The Boys – equipe de humano que luta contra os supers babacas – descobrem uma arma que pode, finalmente, matar o Homelander – o equivalente do Superman, só que escroto. Arma, que nada mais é que o antecessor do Homelander, que achavam que estava morto, mas na real estava preso na Rússia: o Soldier Boy.
Mas vale a pena libertar um super babaca pra matar outro super babaca? É essa a primeira questão que os Boys tem que lidar. Alias, o melhor ponto da série é a discussão sobre temas delicadíssimos através do absurdo. Racismo, direito das mulheres, estupro e – um bem na moda – o extremismo. Homelander sempre se controlou por achar que deixaria de ser amado, mas na hora que não aguenta mais e fala um monte de absurdos suprematistas na TV, ele passa a ser ainda mais adorado.
Questões morais também sempre em pauta. Butcher, em tese o bonzinho da série, que combate os Sups, é também um assassino que não liga pra nada que está em sua frente pra atingir seus objetivos. Tudo isso já havia aparecido nos anos anteriores, mas foi extrapolado ao extremo, criando ótimas cenas. Os atores – em especial o de Homelander e do próprio Butcher- estão sensacionais, o que ajuda a dar veracidade emocional aos exageros que vemos na tela.
Mas o que teve de coragem em discussão, a série teve em covardia com os personagens. Em um ano tão extremo e de arcos se fechando, praticamente ninguém importante morre, ou finaliza sua história. Isso, além de pobre, é perigoso, pois abre espaço pra série continuar indefinidamente até ficar tão ruim que ninguém ligue.
Outra coisa muito ruim foi a cena final de ação, onde Homelander simplesmente foi “nerfado” no roteiro, sem justificativa alguma, para que os outros pudessem ter alguma chance. E por fim, o tal do Herorgasm, que era pra ser uma supersuruba de supers e que eles ficaram fazendo marketing durante quase um ano, foi simplesmente broxante (RÁ!).
The Boys, que caminha pra consolidar na cultura PoP, precisa ter menos coragem seletiva.
Samuel M. Bertoco é formado em Marketing e Publicidade