Por Rafael Morientes
Imagine você, aos 17 anos, rodar 7531 km, deixando sua família, seu país e carregando apenas o seu sonho na bagagem simples de mão. Foi assim a chegada do camaronês Toni ao Brasil em 2020. O volante foi um dos destaques da seleção camaronesa no Mundial Sub-17 de 2019 e despertou o olhar de dois empresários brasileiros, Roberto Silvestri e Carlos Caggiano. Os dois foram e ainda são uma espécie de “anjos da guarda” de Toni Nang, recebendo-o em suas próprias casas, alimentando e dando todo o suporte necessário para que o menino franzino e cheio de vontade de vencer na vida se tornasse um atleta profissional de futebol.
Toni cresceu batendo bola nas ruas perigosas de Duala, a maior cidade de Camarões e um porto no Golfo da Guiné, com aproximadamente 3 milhões de habitantes. O maior incentivador do rapaz foi seu saudoso pai, um apaixonado por futebol e cozinheiro do presidente do país. Em seu primeiro treino com bola no Londrina, Toni encantou os observadores que pediram para que o clube assinasse com o volante e elogiaram sua boa marcação, posse de bola e a impulsão fora do comum para sua idade.
Um dos primeiros obstáculos para Toni foi a língua, ele falava francês e inglês, mas não sabia nada de português. O esforço não vem só do campo, em três meses o camaronês já falava fluentemente o português, melhor que muito brasileiro por aí (rs).
O maior espanto do volante foi a ‘fartura’ na mesa do brasileiros. Toni comentou que assustou com o ‘café da manhã e almoço’, haja vista que em Camarões ele e os irmãos trabalhavam em troco apenas da janta, única refeição do dia.
Campeão Paranaense em 2021 e entrando bem nos dois jogos da final, utilizado também no Estadual de 2022 e com muita vontade e vencer na vida, esse é Toni Nang, que se inspira no seu compatriota Joel, para ser o novo xodó africano do Tubarão!
Rafael é Jornalista formado na Universidade Norte do Paraná, UNOPAR, em 2014. Repórter esportivo das rádios CBN / Ayoba/ Mundo Livre FM desse 2015. Instagram: @rafamorientes