Por Monsenhor José Ágius
O tempo dedicado à meditação da Palavra de Deus não é perdido, mas é condição para não cairmos no ativismo desvairado. Só quem medita sobre os ensinamentos que lhe vêm ao espírito durante essa oportunidade de aplicação da Palavra a si mesmo terá ambiente interior para ver nos outros o próprio Deus. Essa relação nos foi apresentada por Nosso Senhor quando ele se identificou com aquelas pessoas que estavam com alguma necessidade corporal: fome, sede, frio, moradia, enfermidade no hospital e prisão. Ele elevou todos os nossos gestos de ajuda a um nível sobrenatural, de imenso valor, e dá-nos profundo sentido a caridade. Contudo, nos esquecendo pode acontecer que a rotina do trato com as pessoas turve essa visão bonita e faça-nos irmos nos esquecendo daquela realidade. Então, com o passar do tempo, esvai-se o sentido lindo do que o que se faz ao pobre e como se fosse feito ao próprio Jesus.
Como fazer para afastar o indiferentismo que nos leva a enfadarmo-nos de atendermos as pessoas e chegarmos ao ponto de tratá-las mal, em vez de levar-nos a enxergar Cristo nelas? A falta de oração, da meditação da Palavra de Deus nos faz esquecer tudo isto.
No Evangelho escrito por Lucas, capítulo 10, versículos de 38 a 42, encontramos o bonito testemunho de Marta e Maria. Neste relato, lê-se que Jesus, não dando importância ao fato de os judeus não verem com bons olhos duas mulheres receberem um homem em casa, aceitou o convite de Marta para pousar em sua casa. Maria, sua irmã, sentou-se aos pés do Mestre para ouvir suas palavras, enquanto Marta, preocupada com o almoço, foi prepará-lo. Atarefada, reclamou com Jesus: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir?” Jesus respondeu-lhe: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto uma só coisa e necessária … Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada”,
Assim e que deve ser também nossa oração.
Monsenhor José Ágius