Por Monsenhor José Ágius
O evangelho escrito por São Lucas, capítulo 17, versículos 1 a 6, nos apresenta três advertências de Jesus aos seus discípulos, em vista do convívio em harmonia na comunidade. A primeira advertência refere-se ao perigo de se tornar motivo da queda do irmão, particularmente dos mais humildes, induzindo-o ao pecado. São maus exemplos que podem vir tanto de fora como de dentro da comunidade. Atos como abuso de poder, apego aos bens materiais, desconsideração e desrespeito para com os irmãos/irmãs, podem atingir a unidade da comunidade e provocar o afastamento de seus membros, principalmente os mais humildes.
A seguir temos a exortação ao perdão para com aquele irmão/irmã que peca, e que se arrepende. Mesmo que haja reincidência, o perdão será renovado “sete vezes”, isto é, sem limites, desde que haja manifestação de arrependimento. Todo convívio comunitário é complexo e vulnerável a atritos, mal-entendidos, discórdias, discriminações, disputas e vários outros problemas. O perdão é uma das atitudes básicas para garantir o bom convívio comunitário, na harmonia e na paz. O perdão é acompanhado do diálogo, que é fundamental para esclarecer as ocorrências de tais atritos entre irmãos/irmãs, e levar à reconciliação. A busca do diálogo e da reconciliação deve ser constante na comunidade.
Finalmente, quando os discípulos pedem a Jesus: “Aumenta a nossa fé”, Jesus Responde que a fé, mesmo pequenina como um grão de mostarda, pode operar grandes coisas. Pela fé, os discípulos tem a certeza da presença de Jesus entre eles, reunidos em comunidade. A comunidade viva, com a presença de Jesus, inspirada pelo amor misericordioso, torna-se fonte de vida transformadora da própria sociedade. A reconciliação deve atingir as próprias estruturas sociais, onde minorias privilegiadas ofendem a dignidade das maiorias excluídas.
Que, com uma fé plena, o Deus da paz e do amor seja sempre acolhido em nossas famílias e comunidades, renovando a esperança no mundo.
Monsenhor José Ágius