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Liberdade de expressão, não; é crime

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Editorial – Edição: 859 – sexta-feira, 11/02/22

Olá, querido leitor e cara leitora do JR

‘Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo’. Essa frase, atribuída erroneamente ao filósofo francês Voltaire*, parece chancelar muita bobagem por aí. A liberdade de expressão é um direito muito importante e essencial em uma democracia, vital para o ser humano. O problema é quando acham que essa liberdade é maior que o próprio homem e se comete crimes em nome dela.

Nesta semana, não faltaram exemplos em rede nacional sobre como essa liberdade é usada como guarda-chuva para amparar crimes e proteger criminosos. E olha que isso vem acontecendo há muito tempo no Brasil. Em um podcast famoso, o Monark afirmou que se deveria legalizar um partido nazista no Brasil. Teve, em certo ponto, apoio do deputado federal Kim Kataguiri. Os dois estão sendo investigados por apologia ao nazismo e podem ser até presos.

Um dia depois desse fato que chamou a atenção do mundo todo, o comentarista da jovem pan, Adrilles Jorge, faz uma saudação típica nazista no final de um comentário seu em um programa da rede. Foi demitido. Se foi por brincadeira ou zoando, não importa. Não se zoa com a morte de milhões de pessoas, vítimas do nazismo.

Por que não se pode legalizar um partido nazista? Porque ele quer a eliminação do outro. Se ele convencer as pessoas, como Hitler fez, simplesmente mata os diferentes, não só os que pensam diferente, mas os que são diferentes.

O filósofo Karl Popper definiu o ‘paradoxo da tolerância’ em 1945 no volume 1 do livro ‘The Open Society and Its Enemies’. “A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada mesmo aos intolerantes, e se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância com eles. (…)

Devemos-nos, então, reservar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar o intolerante. Devemos exigir que qualquer movimento que pregue a intolerância fique à margem da lei e que qualquer incitação à intolerância e perseguição seja considerada criminosa, da mesma forma que no caso de incitação ao homicídio, sequestro de crianças ou revivescência do tráfico de escravos”.

* A ‘dona’ da frase é Evelyn Beatrice Hall e está em sua biografia, publicada em 1906, mais de um século depois da morte de Voltaire

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