âTudo o que fiz foi sem pensar em homenagensâ foi o tĂtulo da entrevista com o mĂ©dico rolandense; leia a matĂ©ria abaixo na Ăntegra

A Cùmara Municipal de Rolùndia fez uma sessão solene para a entrega da Comenda da Ordem do Mérito Roland, na sexta-feira (10). A Comenda foi entregue aos médicos Luiz Liberatti e Osni Domingos Giordani, às 19h30, no Centro Cultural Nanuk. O evento foi bem concorrido, uma vez que os dois são conhecidos em Rolùndia e região pelo seu profissionalismo e exemplo de vida. Os dois médicos foram vereadores e presidentes do Legislativo de Rolùndia.
O doutor Luiz Liberatti, 80 anos, falou com a reportagem do JR na manhĂŁ de quarta-feira (08). O encontro aconteceu na casa do mĂ©dico Osni Giordani, tambĂ©m homenageado com o mesmo tĂtulo. Liberatti falou um pouco sobre sua vida.
Luiz Liberatti nasceu em JaĂș (SP), no dia 15 de agosto de 1935 e era o caçula de uma famĂlia de 13 irmĂŁos. Filho de Umberto Liberatti (italiano que veio ao Brasil com 9 anos) e de Maria Mussio, Luiz veio para RolĂąndia com 11 anos, em 1946. âEm busca de melhores condiçÔes de vidaâ, afirmou o mĂ©dico, aposentado desde 2005. âĂramos uma famĂlia grande e meu pai resolveu abrir uma casa de comĂ©rcio aqui em RolĂąndia. A Casa Liberatti na avenida ParanĂĄ (hoje RomĂĄrio Martins)â, relembra Luiz, que hoje tem apenas uma irmĂŁ viva: Luiza, de 86 anos, que mora ainda no endereço da Casa Liberatti.
As coisas foram acontecendo na vida de Luiz Liberatti para que ele se tornasse mĂ©dico. Ele terminou o PrimĂĄrio e foi da primeira turma do recĂ©m-criado GinĂĄsio de RolĂąndia (hoje Kennedy). âCheguei e tive que fazer o terceiro ano de novo e terminei o 4Âș em 1948, quando se criou o GinĂĄsio. Eu me formei em 1952â, afirmou. O futuro mĂ©dico foi para Curitiba em 1953 fazer o curso cientĂfico no ColĂ©gio Estadual do ParanĂĄ, estimulado por alguns amigos, especialmente por Ălvaro Pesenti (jĂĄ falecido), que jĂĄ estudava na capital do ParanĂĄ. âTerminei o colĂ©gio em 1955 e fiz o vestibular em 1956 e entrei na Faculdade de Medicina na Universidade Federal do ParanĂĄ. Eu me formei em 1961â, ressaltou Liberatti.
Durante o curso, Luiz fez um estĂĄgio em ObstetrĂcia na Maternidade Escola do Rio de Janeiro e em outros hospitais. âDurante as fĂ©rias, vinha para RolĂąndia e auxiliava o doutor Anatole Duarte, que era dono do hospital SĂŁo Judas Tadeu. Praticamente morava na casa dele e o ajudava desde o 2Âș ano de Medicinaâ, relembra. âEu acompanha todos os trabalhos e, quando eu me formei, jĂĄ tinha um aprendizado grande e um local para trabalharâ, ressaltou Liberatti. Liberatti ficou no SĂŁo Judas de 1962 atĂ© 1966. Depois, foi fundador e sĂłcio do hospital SĂŁo Lucas.
Em 1983, foi convidado pelo prefeito Eurides Moura para criar e assumir a Secretaria de SaĂșde â função que exerceu atĂ© 1986. Seu trabalho nĂŁo passou despercebido pela regiĂŁo e foi convidado para a Chefia da 17ÂȘ Regional da SaĂșde de Londrina â ficou no cargo entre 1986 e 1987.
FamĂlia
Em 1961, ainda no 6Âș ano de Medicina, Luiz casou-se com Arlete Pinto, psicĂłloga, com quem viveu atĂ© 1993, quando ela faleceu. âTivemos trĂȘs filhos: Ricardo, ClĂĄudia e Alexandreâ, relembra o mĂ©dico. Ainda fruto dessa uniĂŁo, Liberatti tem os netos Lucas, Arthur, Amanda e Emanuele, e a bisneta Maria Eduarda.
Atualmente, Luiz Ă© casado com Mary Cleuza Barbeiro, psicopedagoga e que foi secretĂĄria de Ação Social e da Ação ComunitĂĄria em RolĂąndia (de 2001 a 2008). Mary tem dois filhos de seu primeiro casamento: o fotĂłgrafo LĂșcio Mauro, que mora em Londres, e Alex Luiz (in memoriam). Os netos de Mary, Hiago, Igor e Giulia, consideram a Luiz como seu avĂŽ. âEles o chamam de vovĂŽâ, salientou Mary Cleuza.
PaixĂŁo
A medicina Ă© a sua grande paixĂŁo profissional e clinicou por mais de 40 anos. âMe aposentaram em 2005â, brincou Liberatti. O profissional destacou-se com clĂnico geral, cirurgiĂŁo geral e obstetra. âAjudei a vir ao mundo muitos rolandenses e pessoas de regiĂŁo. A gente sente que fez um trabalho bem feito, pois atĂ© hoje hĂĄ pessoas que nos encontram e relembram o nascimento de alguĂ©m queridoâ, afirmou. âVivi no comĂ©rcio e na roça, mas seria mĂ©dico se tivesse que começar outra vez. SĂł estranharia muito as condiçÔes atuais: o sistema e a inversĂŁo de valores, a desvalorização do profissional, a falta de condiçÔes de trabalhoâ, explicou.
O mĂ©dico nunca deixou ninguĂ©m sem atendimento, tivesse dinheiro ou nĂŁo a pessoa. âTodos que nos procuraram foram atendidos. Um senhor que morava na fazenda Belmonte estava com um filho pequeno, vĂtima de cĂąncer, desenganado. MĂ©dicos de Londrina mandaram-no para casa. O senhor me procurou e eu internei esse menino e forneci o que era necessĂĄrio, com medicamentos, soro⊠O menino veio a falecer e seu pai foi atĂ© a portaria do hospital para pagar a conta, mas a atendente lhe avisou que a conta estava paga, que o doutor Liberatti jĂĄ tinha pago. Esse homem me encontrou muitos anos depois e se lembrou disso, chorando, em frente ao antigo Banestado. Isso foi marcanteâ, contou, emocionado.
O mĂ©dico sempre procurou exercer a solidariedade humana. Deu assistĂȘncia ao Lar Infantil AndrĂ© Luiz entre 1965 e 1980, assim como atendeu a APAE de RolĂąndia por muito tempo. Essa dedicação o levou ao Lions Clube de RolĂąndia, clube de serviço em que ingressou em 1963 â sĂŁo mais de 50 anos.
Em 2011, recebeu o Diploma de MĂ©rito Ătico Profissional por completar 50 anos de Medicina sem cometer qualquer deslize profissional. A homenagem foi feita pelo Conselho Regional de Medicina do ParanĂĄ.
Sobre a homenagem que recebe da CĂąmara de Vereadores de RolĂąndia, da qual foi presidente no biĂȘnio 1995/96, Luiz se diz feliz. âTudo o que eu fiz foi espontaneamente, sem pensar em homenagensâ, resumiu o comendador Luiz Liberatti. âĂ uma coisa bonitaâ, concluiu.