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Matéria de junho de 2016 com o Dr. Luiz Liberatti, falecido neste domingo

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“Tudo o que fiz foi sem pensar em homenagens” foi o título da entrevista com o médico rolandense; leia a matéria abaixo na íntegra

A Câmara Municipal de Rolândia fez uma sessão solene para a entrega da Comenda da Ordem do Mérito Roland, na sexta-feira (10). A Comenda foi entregue aos médicos Luiz Liberatti e Osni Domingos Giordani, às 19h30, no Centro Cultural Nanuk. O evento foi bem concorrido, uma vez que os dois são conhecidos em Rolândia e região pelo seu profissionalismo e exemplo de vida. Os dois médicos foram vereadores e presidentes do Legislativo de Rolândia.

O doutor Luiz Liberatti, 80 anos, falou com a reportagem do JR na manhã de quarta-feira (08). O encontro aconteceu na casa do médico Osni Giordani, também homenageado com o mesmo título. Liberatti falou um pouco sobre sua vida. 

Luiz Liberatti nasceu em Jaú (SP), no dia 15 de agosto de 1935 e era o caçula de uma família de 13 irmãos. Filho de Umberto Liberatti (italiano que veio ao Brasil com 9 anos) e de Maria Mussio, Luiz veio para Rolândia com 11 anos, em 1946. “Em busca de melhores condições de vida”, afirmou o médico, aposentado desde 2005. “Éramos uma família grande e meu pai resolveu abrir uma casa de comércio aqui em Rolândia. A Casa Liberatti na avenida Paraná (hoje Romário Martins)”, relembra Luiz, que hoje tem apenas uma irmã viva: Luiza, de 86 anos, que mora ainda no endereço da Casa Liberatti.

As coisas foram acontecendo na vida de Luiz Liberatti para que ele se tornasse médico. Ele terminou o Primário e foi da primeira turma do recém-criado Ginásio de Rolândia (hoje Kennedy). “Cheguei e tive que fazer o terceiro ano de novo e terminei o 4º em 1948, quando se criou o Ginásio. Eu me formei em 1952”, afirmou. O futuro médico foi para Curitiba em 1953 fazer o curso científico no Colégio Estadual do Paraná, estimulado por alguns amigos, especialmente por Álvaro Pesenti (já falecido), que já estudava na capital do Paraná.  “Terminei o colégio em 1955 e fiz o vestibular em 1956 e entrei na Faculdade de Medicina na Universidade Federal do Paraná. Eu me formei em 1961”, ressaltou Liberatti. 

Durante o curso, Luiz fez um estágio em Obstetrícia na Maternidade Escola do Rio de Janeiro e em outros hospitais. “Durante as férias, vinha para Rolândia e auxiliava o doutor Anatole Duarte, que era dono do hospital São Judas Tadeu. Praticamente morava na casa dele e o ajudava desde o 2º ano de Medicina”, relembra. “Eu acompanha todos os trabalhos e, quando eu me formei, já tinha um aprendizado grande e um local para trabalhar”, ressaltou Liberatti. Liberatti ficou no São Judas de 1962 até 1966. Depois, foi fundador e sócio do hospital São Lucas. 

Em 1983, foi convidado pelo prefeito Eurides Moura para criar e assumir a Secretaria de Saúde – função que exerceu até 1986. Seu trabalho não passou despercebido pela região e foi convidado para a Chefia da 17ª Regional da Saúde de Londrina – ficou no cargo entre 1986 e 1987. 

Família

Em 1961, ainda no 6º ano de Medicina, Luiz casou-se com Arlete Pinto, psicóloga, com quem viveu até 1993, quando ela faleceu. “Tivemos três filhos: Ricardo, Cláudia e Alexandre”, relembra o médico. Ainda fruto dessa união, Liberatti tem os netos Lucas, Arthur, Amanda e Emanuele, e a bisneta Maria Eduarda.

Atualmente, Luiz é casado com Mary Cleuza Barbeiro, psicopedagoga e que foi secretária de Ação Social e da Ação Comunitária em Rolândia (de 2001 a 2008). Mary tem dois filhos de seu primeiro casamento: o fotógrafo Lúcio Mauro, que mora em Londres, e Alex Luiz (in memoriam). Os netos de Mary, Hiago, Igor e Giulia, consideram a Luiz como seu avô. “Eles o chamam de vovô”, salientou Mary Cleuza. 

Paixão

A medicina é a sua grande paixão profissional e clinicou por mais de 40 anos. “Me aposentaram em 2005”, brincou Liberatti. O profissional destacou-se com clínico geral, cirurgião geral e obstetra. “Ajudei a vir ao mundo muitos rolandenses e pessoas de região. A gente sente que fez um trabalho bem feito, pois até hoje há pessoas que nos encontram e relembram o nascimento de alguém querido”, afirmou. “Vivi no comércio e na roça, mas seria médico se tivesse que começar outra vez. Só estranharia muito as condições atuais: o sistema e a inversão de valores, a desvalorização do profissional, a falta de condições de trabalho”, explicou.

O médico nunca deixou ninguém sem atendimento, tivesse dinheiro ou não a pessoa. “Todos que nos procuraram foram atendidos. Um senhor que morava na fazenda Belmonte estava com um filho pequeno, vítima de câncer, desenganado. Médicos de Londrina mandaram-no para casa. O senhor me procurou e eu internei esse menino e forneci o que era necessário, com medicamentos, soro… O menino veio a falecer e seu pai foi até a portaria do hospital para pagar a conta, mas a atendente lhe avisou que a conta estava paga, que o doutor Liberatti já tinha pago. Esse homem me encontrou muitos anos depois e se lembrou disso, chorando, em frente ao antigo Banestado. Isso foi marcante”, contou, emocionado.

O médico sempre procurou exercer a solidariedade humana. Deu assistência ao Lar Infantil André Luiz entre 1965 e 1980, assim como atendeu a APAE de Rolândia por muito tempo. Essa dedicação o levou ao Lions Clube de Rolândia, clube de serviço em que ingressou em 1963 – são mais de 50 anos. 

Em 2011, recebeu o Diploma de Mérito Ético Profissional por completar 50 anos de Medicina sem cometer qualquer deslize profissional. A homenagem foi feita pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná. 

Sobre a homenagem que recebe da Câmara de Vereadores de Rolândia, da qual foi presidente no biênio 1995/96, Luiz se diz feliz. “Tudo o que eu fiz foi espontaneamente, sem pensar em homenagens”, resumiu o comendador Luiz Liberatti. “É uma coisa bonita”, concluiu.

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